São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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Istambul é para pechinchar
BANU GIVEN
O rapaz, vestido com jeans Levi's 501 e uma bela jaqueta de couro, move-se com tranquilidade. Provavelmente é filho de uma família que imigrou para Istambul (Turquia) há algumas décadas. Hoje ele trabalha no famoso Bazar Coberto, um imenso e excitante labirinto de cores vivas, cheiros, mercadorias e cenas humanas. No final do século 20, com 500 anos de idade, o bazar ainda compete com lojas e centros comerciais cintilantes e ultramodernos. Quem ultrapassa um de seus 18 portões encontra 65 ruas, 19 fontes e 4.399 lojas -só joalherias são nada menos que 2.000. A cada ano, 8 milhões de visitantes pechincham por lá. Os vendedores abordam turistas em mais de 12 idiomas. O vocabulário, porém, limita-se a fins comerciais. ``Vous êtes française, madame?" Para os que não entendem, o vendedor continua tentando -em vários outros idiomas. Se conseguir fazer o turista parar e entrar na loja, certamente oferecerá ``um copo" de chá ou uma xícara de café turco. Enquanto isso, o turista examina as 1.001 mercadorias ao seu redor. Enquanto sorve o chá ou café, o melhor é relaxar, ao som de um melodioso monólogo. O vendedor fará tudo para fechar negócio. É a hora certa para tratar de preços. Pechinchar ``geralmente" é necessário: no fim, dependendo dos negociantes, tudo termina num bom preço e num aperto de mãos. Mas é preciso cuidado: não se deve pechinchar com qualquer vendedor. Alguns podem ficar bastante desconcertados. O Bazar Coberto não é só para turistas. Estudantes jovens e barulhentos cortam suas ruas centrais a caminho da praça Beyazt. Também atravessam o bazar Sahaflar -o mercado de livros onde é possível encontrar velhos manuscritos ao lado de livros escolares. Outros vão ao bazar em busca de moeda estrangeira. Há um mercado de câmbio na entrada Tahtakale. ``Que tal o peregrino?", gritam os comerciantes. ``O verde está subindo de novo!" ``Peregrino" é o rial saudita e ``verde", o dólar norte-americano. A libra britânica é conhecida como ``rainha"; o franco suíço é o ``chocolate" e a lira italiana é o ``macarrão". Tradução de Lucia Boldrini. Texto Anterior: Beirute renasce das ruínas Próximo Texto: Roma é para ser vista do alto Índice |
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