São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Berlim vira cidade-laboratório

GERHARD ULLMANN
DA ``SÜDDEUTSCHE ZEITUNG"

No coração de Berlim (Alemanha), a praça Potsdamer revive. Centro nervoso, demolida e abandonada desde a Segunda Guerra, ela compartilhou a história tortuosa da cidade.
Lá se concentram todas as questões levantadas pela reconstrução e a luta de influências opondo interesses públicos e privados, já que a maior parte da praça foi comprada por investidores.
As críticas espoucam e, cinco anos após a queda do Muro de Berlim, o pragmatismo reina entre os administradores do urbanismo.
Conceber o novo centro decisório da Alemanha unificada depende de um desafio, pois Berlim multiplica as ambições.
O que assusta os berlinenses é a carência de modelos e novos conceitos de urbanismo. Daí a tentação segura de se ligar ao passado, fazendo apelo aos modos de construção prussianos.
Vozes, como a de Daniel Libeskind, arquiteto do museu judaico de Berlim, erguem-se contra a municipalidade e contra o projeto de ``reconstrução crítica da cidade" proposto por Hans Stimmann, diretor da construção de Berlim.
Ao encorajar a arquitetura inspirada na tradição prussiana, ele corre o risco de dar à Alemanha reunificada uma capital fria e rígida.
A fórmula é polêmica e Hans Stimmann não aceita acusações: ``Berlim deve se tornar uma cidade européia como as outras. Nenhuma cidade conheceu tantos transtornos desde a guerra. Os arquitetos que a reconstruíram quiseram, por excelentes razões, sepultar o passado. Mas rejeitar a tradição prussiana foi um erro".
Se Berlim é um laboratório da arquitetura, resta saber se será uma cidade boa para viver.
Por enquanto, a nova capital mantém o projeto de ser a primeira cidade européia do século 21.

Tradução de Bertha Halpern Gurovitz.

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