São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Obras em Paris geram polêmica

WILLIAM ECHIKSON
DO WORLD MEDIA

Perto da catedral de Notre Dame (Paris/França), quatro torres de vidro de 20 andares se elevam acima da linha do horizonte medieval.
As torres formam o núcleo da ``Très Grande Bibliothèque" (Biblioteca Muito Grande), e cobrem cerca de 7.000 m2 na margem esquerda do rio Sena.
Ao custo de US$ 2 bilhões, a nova biblioteca nacional coroou o plano de remodelar Paris do ex-presidente Mitterrand.
Desde que assumiu o poder (81), até deixar o cargo (maio de 95), o socialista imprimiu sua marca cara e supermoderna.
Construiu seu arco em La Defense, realojou o Ministério das Finanças, patrocinou a nova Ópera da Bastilha, remodelou o Louvre.
Os tradicionalistas temem que os monumentos violentem a harmonia arquitetônica de Paris.
Ninguém questiona a necessidade de uma nova biblioteca, mas o projeto gerou uma tempestade de protestos. Críticos dizem que não é sensato guardar livros raros em torres de vidro e que as torres vão arruinar o horizonte de Paris.
Há ainda quem pergunte o que há de socialista nos monumentos de Mitterrand. Quem o apóia diz que os projetos são necessários para juntar efervescente camada moderna aos seus 2.000 anos.
Charles de Gaulle se orgulharia de tamanho ``grandeur". Ironicamente, porém, o presidente gaulista Jacques Chirac, de direita, promete acabar com os monumentos faraônicos e dar prioridade para que cada francês tenha um teto.
Os detratores devem atentar para a história controversa da arquitetura parisiense. Artistas acusaram a Torre Eiffel de ser uma infame coluna de raios e o Centro Georges-Pompidou foi comparado a uma refinaria de petróleo.
Ambos sobreviveram.
(Willian Echikson)

Tradução de Lucia Boldrini.

Texto Anterior: Berlim vira cidade-laboratório
Próximo Texto: Tóquio destrói seus prédios
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.