São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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O futuro está nas "edge cities"
JOEL GARREAU
Nas cidades que estão sendo reinventadas não existem as calçadas apinhadas de Nova York (EUA) nem o barulho e a comoção de Chicago (EUA). Não há arranha-céus lado a lado, longos bulevares - como Champs-Elysées (Paris)- e bairros pitorescos. Em lugar disso, o que se vê são baixos edifícios de escritórios -as fábricas da era da informática-, separados por espaços verdes e abertos e erguidos no meio de campus empresariais criados por paisagistas -com direito a árvores, lagos e pistas de cooper. Erguendo-se às margens de todas as principais cidades norte-americanas, essas novas criações urbanas -batizadas de ``edge cities" (ou cidades às margens)- cumprem as mesmas funções que todas as cidades vêm cumprindo nos últimos oito milênios. Fornecem moradia, empregos, serviços, lazer e compras. As ``edge cities" são os novo comércio, o novo local de trabalho, os novos centros de lazer e diversão. Seus shoppings atraem compradores, mas também oferecem praças urbanas fechadas, de clima controlado, onde mães levam seus bebês para passear e famílias inteiras passeiam para se divertir. A vida está se deslocando dos centros das cidades para as ``edge cities". Não se trata de um fenômeno apenas norte-americano. Quase uma dúzia de ``edge cities" estão surgindo em volta de Toronto, no Canadá, cujo centro hoje responde por apenas 46% do mercado de empregos. La Defense, distante do centro antigo de Paris, transformou-se na capital econômica e empresarial da França, repleta de mais de 40 edifícios de escritórios ocupados por empresas de grande porte. O quarto maior mercado australiano de empregos de escritório é North Sydney, uma ``edge city" que surgiu ao lado da Sydney propriamente dita -mesmo sem contar com uma via expressa para dirigir o trânsito até ela. Londres, na Inglaterra, é propositalmente protegida contra a dispersão urbana por seu Cinturão Verde (uma faixa que varia de 19 a 32 km de largura). ``Edge cities" romperam o bloqueio e se implantaram nas rodovias M25, M4 e M11, a 48 km de distância. Uma ``edge city" já está planejada e será construída dentro em breve na periferia de São Paulo. Outras se espalham mundo afora. Mas em nenhum outro país a reconstrução urbana se dá num ritmo tão frenético quanto nos EUA. As ``edge cities" são grandes, diversificadas e hoje viraram o modelo de cidade norte-americana. As ``edge cities" também podem ser definidas como núcleos de empregos que: - Têm pelo menos 24 mil empregos. Algumas oferecem muito mais: quase 240 mil pessoas trabalham na ``edge city" Costa Mesa/Irvine Area, em Orange County, sul da Califórnia -mais do que em Houston, Dallas, Seattle, St. Louis ou Baltimore. - Têm principalmente edifícios de escritórios comerciais, que são o local de trabalho da era da informática ``high-tech". - São onde se deu a maior parte das construção de escritórios e lojas varejistas, durante o boom da construção destes últimos 20 anos. - Têm pelo menos 5 milhões de pés quadrados de espaço de escritórios disponível para locação. Tradução de Clara Allain. Texto Anterior: Carro será 'coisa do passado' Próximo Texto: Ásia faz um cara a cara com a Europa Índice |
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