São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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Taxa poderia ser de 134%
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Esse cálculo demonstra como a abertura da economia e o dólar estável e barato foram causa essencial da inflação muito baixa do real. Tudo que pode ser importado subiu abaixo da média de 32,1%. Alimentos industrializados, por exemplo, subiram apenas 6% nos primeiros 11 meses do real, de julho de 1994 a maio de 1995. A causa, comenta Juarez Rizzieri, presidente da Fipe, foi a concorrência dos importados. O congelamento das tarifas públicas foi o segundo fator de queda da inflação. O resto explodiu. O preço que mais subiu foi aluguel, 209% nos doze meses do real, de julho de 1994 a junho deste ano. Subiram muito todos os itens dos produtos ``não-comerciáveis". São aqueles não podem ser importados ou exportados, de modo que seus preços não seguem as cotações internacionais. É o caso de serviços pessoais, que subiram 115% no primeiro ano do real; serviços domésticos, 171%; serviços médicos, 60%; e mensalidade escolar, 55,7%. Esses itens, mais aluguel, dão a inflação anual de 134%. Ou 12,8% do índice médio de 32,1%. Os que menos subiram foram os submetidos à competição externa, como remédios, com alta de 6% nos primeiros 11 meses do real; relógios, 3%; roupa de mulher, 5%; e artigos de limpeza, 7%. Todo o item vestuário, costumeiro vilão da inflação, desta vez subiu apenas 14% nos primeiros 11 meses do real. Algumas situações mostram bem a disparidade das altas entre comerciáveis e não-comerciáveis. Os alimentos que podem ser importados subiram de 6% e 11% nos primeiros 11 meses do real. Mas comer fora subiu 50%. Conclusão: sem a importação, o Real não teria inflação de 32,1% no seu primeiro aniversário. Texto Anterior: CDB foi o que mais rendeu desde julho Próximo Texto: Salário sobe e IR muda Índice |
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