São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Mostra analisa limite entre linha e forma

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Exposição: Entre o Desenho e a Escultura
Artistas: Amilcar de Castro, Ana Maria Tavares, Artur Lescher, Elisa Bracher, Ernesto Neto, Ester Grinspum, Frida Baranek, Iole de Freitas, Laura Vinci, Lygia Pape, Mira Schendel, Paulo Monteiro, Tunga, Waltercio Caldas
Curadoria: Lisette Lagnado
Quando: até 30 de julho, de terça a sexta, das 13h às 19h, sábados e domingos, das 11h às 18h
Onde: MAM (parque Ibirapuera)

A exposição ``Entre o Desenho e a Escultura", que abre hoje no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), explora a fusão e os limites entre essas duas manifestações de arte. O ponto comum é a linha, que no desenho pode aparecer como textura, ou até volume, e na escultura delimitar os vazios e as formas.
A curadora Lisette Lagnado diz que sua intenção era mostrar a ``relação da linha que sai do plano e se encontra na escultura" e como os artistas resolvem de diferentes maneiras e em diferentes suportes a insuficiência da bidimensionalidade do desenho na arte contemporânea.
Vendo a exposição, a idéia fica clara. Há, por exemplo, três obras de Ernesto Neto que utilizam uma linha (de fato, um fio), colada com parafina sobre papel. Esses ``quadros" pendurados na parede permitem que as linhas formem volumes e criem formas e vazios como uma escultura.
Todos os desenhos que integram a mostra são ``construtivos", ``pensam o espaço do papel em volta como se fosse um espaço qualquer", diz Lisette.
Assim, nos desenhos de Ester Grinspum, suas linhas nunca retas, que aparecem também nas esculturas, enrugam o papel criando volumes. Nos desenhos de Paulo Monteiro, que quase escapam do papel, já se entrevêem as formas de suas esculturas que estão no chão.
``No ateliê, não parecia tanto, mas na montagem se evidenciou essa idéia de ter um pensamento que entra no outro, mas se adequa a suportes diferentes", diz Lisette sobre as obras de Monteiro.
Fazendo um caminho não exatamente oposto, estão por exemplo, o ``Trenzinho" de Mira Schendel, composto por folhas de papel arroz, ou as pequenas obras de Tunga, esculturas que parecem naturezas mortas.
Preocupada em não fazer da exposição apenas uma reunião particular de obras já vistas, Lisette Lagnado pôs no MAM várias obras inéditas, expostas de maneira em que possam ser vistas por todos os ângulos.
A exposição começa com as obras do mineiro Amilcar de Castro, ``para onde tudo se remete", diz Lisette.

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