São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Importações vão cair bastante, diz Malan

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, aposta que as importações brasileiras vão cair substancialmente nos próximos meses. O governo mantém seu objetivo de obter superávit no comércio externo neste ano.
Segundo o ministro, em entrevista à Folha, todos os fatores que determinaram o forte crescimento das importações, de novembro para cá, ``já foram revertidos".
Desse modo, disse, não se pode esperar que as importações continuem crescendo no ritmo registrado até aqui. Mas não haverá retorno aos níveis de 1994.
Isso porque houve mudança estrutural na economia brasileira. ``A verdade é que o Brasil era muito fechado, com o valor dos produtos importados na faixa de 6% da produção nacional", comentou o ministro.
Isso é muito pouco. Há países parecidos com o Brasil que têm até 15% de importação. O Brasil, segundo Malan, não está apenas importando quinquilharias, mas aumentando a participação de importados em sua economia.
O ministro acha que esse aumento pode ser equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de mercadorias e serviços produzidos no país).
Considerando um PIB de US$ 550 bilhões em 1994, isso significa aumento permanente nas importações de US$ 8,2 bilhões/ano. Daqui para frente, não haveria mais esse salto, mas crescimento paulatino. Exemplo: uma empresa que não importava nenhum insumo para sua produção, pode estar importando, hoje, 15%. Houve um salto, mas agora a importação deve parar nesse novo patamar.
É o que está acontecendo no conjunto da economia brasileira, comenta Malan.
No curto prazo, a importação foi impulsionada por três fatores: o forte crescimento do consumo interno; a decisão do governo, tomada em setembro e outubro de 94, de antecipar a vigência do Mercosul e redução do Imposto de Importação; e o câmbio, isto é, o dólar a R$ 0,85, barato.
``Tudo isso já foi revertido", diz Malan.
Reversão
O Conselho Superior de Economia da Fiesp considera que a reversão da tendência de queda da balança comercial é o ``ponto-chave" para o sucesso do Plano Real no segundo semestre deste ano.
A conclusão é o resultado da reunião de ontem do conselho, que é formado por empresários representantes de todos os setores da economia do país.
Segundo Boris Tabacof, diretor de Economia da Fiesp, os empresários querem que o governo promova uma desvalorização ``maior e mais rápida" do real frente ao dólar, dentro da faixa de variação de R$ 0,91 a R$ 0,99 por dólar.
``Até agora, a mudança na banda cambial não provocou a reversão da tendência de incentivo às importações e adiamento das exportações", afirmou.
Para Tabacof, o que importa não é obter saldo comercial em 95, mas uma reversão ``clara e inequívoca" da atual tendência de déficits mensais na balança.

Colaborou a Reportagem Local.

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