São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Títulos protestados crescem 48,5% no Real e batem recorde em 10 anos

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O protesto de títulos em junho, por atrasos nos pagamentos de carnês e notas promissórias, é o maior dos últimos dez anos em São Paulo, segundo a Serasa (Centralização dos Serviços dos Bancos). Neste mês, foram protestados 96.221 títulos. Em maio, o número, também recorde, chegou a 87.355.
Nos doze meses do Real, o número de títulos protestados acumulou crescimento de 48,4%.
Os protestos de junho são 130% maiores do que os registrados no mesmo mês de 94. Em relação a maio de 95, o aumento é de 10%.
No caso das concordatas de empresas, os 50 pedidos de junho só perdem para os meses de 1987, quando o Plano Cruzado passou a naufragar.
Francisco Avilla, diretor da Serasa, justifica o aumento da inadimplência (atraso de pagamento) pela política de restrição ao crédito implementada pelo governo.
``A retirada de dinheiro da economia foi forte demais, sufocou o mercado e os credores estão aumentando a pressão para conseguir receber o dinheiro", diz Avilla.
Como exemplo, ele mostra que os pedidos de concordata quase triplicaram nos primeiros seis meses de 1995.
O diretor da Serasa diz que, nos primeiros seis meses de 1993 e de 1994, as médias mensais de pedidos de concordata foram, respectivamente, de 11 e 13. Neste ano, a média mensal chegou a 31 pedidos.
``O aumento das concordatas reflete a falta de alternativas das empresas para rolar suas dívidas", diz Avilla.
No caso dos títulos protestados, nos primeiros seis meses de 1995, a média mensal chegou a 79 mil. Nos mesmos períodos de 1994 e 1993, estas médias mensais foram de 41 mil e 34 mil, respectivamente.
O número de falências decretadas é o único indicador a apresentar retração neste primeiro ano de Real. No acumulado entre julho de 94 a junho de 95 em comparação com os 12 meses anteriores, as falências registraram queda de 15,7%, segundo a Serasa.
Avilla conta que os dados do final de junho já mostram uma tendência de estabilização na inadimplência (atraso de pagamentos).
``Os credores estão passando a negociar mais com os seus devedores", diz Avilla.
A causa, segundo o diretor da Serasa, é a pequena chance de os credores receberem os recursos de todos os títulos protestados.

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