São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995
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Lampreia pede fim de restrições dos EUA

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A DENVER

O Brasil vai exigir o fim das restrições à entrada de produtos brasileiros nos EUA como condição para participar da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que poderá reunir 34 países das três Américas a partir de 2005.
O governo brasileiro exigirá também ``prudência e gradualismo" na integração e quer que ela ocorra, na prática, através dos blocos comerciais já existentes, e não por países, individualmente.
As posições foram defendidas ontem pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, em Denver, Colorado (EUA), durante reunião com os ministros dos 34 países interessados na integração das Américas.
``O Brasil não pode mais aceitar exclusões taxativas (com tarifas de importação elevadas). E isso deve estar na mesa de negociação", disse Lampreia.
A mesma posição foi defendida anteontem em reunião entre empresários brasileiros e norte-americanos na abertura do Forum de Comércio do Hemisfério Ocidental. Os brasileiros mostraram uma lista das áreas em que os EUA são considerados ``protecionistas".
A imprensa norte-americana interpretou que o Brasil está criando ``obstáculos" à integração.
Lampreia disse que o Brasil fez um ``esforço considerável" para abrir sua economia desde 1986. ``Não seria legítimo pedir ao país e aos empresários um rápido aprofundamento no processo."
O Brasil detém 40% da economia da América Latina e, segundo Lampreia, deve fazer exigências devido à ``diversidade e representatividade" do país.
Uma das preocupações do Brasil é o déficit (mais importações que exportações) de US$ 2 bilhões que terá com os EUA neste ano.
Lampreia diz que as exportações do Brasil para os EUA estão ``estagnadas".
O ministro da Economia da Argentina, parceira do Brasil no Mercosul (que reúne ainda Paraguai e Uruguai), Domingo Cavallo, disse que algumas proteções dos EUA ``excedem o razoável".
Quanto ao modo como a integração deve ser feita, Lampreia disse que ela ``não pode passar por cima dos acordos em andamento, como o Mercosul."
Cavallo concorda: ``não se pode simplesmente pescar os países individualmente."
Oficialmente, esta também é a posição dos EUA em relação ao Nafta (que integra o país ao México e Canadá). Mas, nas negociações que vêm fazendo, os EUA têm tentado atrair os países um a um, o que é mais vantajoso em termos comerciais. Na organização das reuniões entre empresários em Denver, por exemplo, os norte-americanos fizeram questão de se reunir em salas separadas com grupos de argentinos e brasileiros.

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