São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995
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Serra vira `coadjuvante de luxo' do pronunciamento

Ministro faz discurso e brincadeiras no anúncio da MP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O anúncio das medidas que marcam o início da segunda fase do Plano Real, ontem, reuniu na mesma mesa três auxiliares do presidente Fernando Henrique Cardoso diretamente relacionados aos assuntos em questão.
Mas um quarto auxiliar, o ministro José Serra, do Planejamento -que poderia parecer não ter função certa-, mostrou saber tanto quanto os demais.
O comando era do ministro da Fazenda, Pedro Malan, que deu uma explicação geral e definiu os papéis de cada um na mesa.
O ministro do Trabalho, Paulo Paiva, falaria sobre as mudanças nos reajustes salariais. As decisões tomadas pelo Conselho Monetário Nacional, que complementam a MP (medida provisória) da desindexação, seriam explicadas pelo presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
``E o ministro José Serra, se o desejar, fará uso da palavra para colocar um fecho nessa apresentação", concedeu Malan.
Depois de seu ``fecho", durante a entrevista, Serra apoiava os outros três com intervenções enfáticas, como quando garantiu que o pequeno poupador da poupança não terá prejuízo ``nenhum, nenhum, nenhum".
Quando dizia que teria de se retirar, um jornalista interrompeu Serra para dizer que sua pergunta era para ele. ``Não acredito, você improvisou agora", retrucou, bem-humorado.

Erros
A MP da desindexação nem chegou a ser publicada no ``Diário Oficial" da União e já sofreu duas modificações.
O mais polêmico dos artigos, o 13, ganhou nova redação para ficar mais claro, segundo o ministro Paulo Paiva. Como estava, o governo proibia o aumento real para os salários, mesmo que acordado em negociação.
Com a correção, restringiu a proibição a ganhos de produtividade sem fonte comprovada por ``indicadores objetivos".
O segundo erro estava na exposição de motivos -o texto que explica a medida. No original, dizia que a remuneração da poupança vinculada à habitação seria regulada pela variação da TBF (Taxa Básica Financeira).
Na verdade, essa nova modalidade de aplicação será remunerada pela TR, como a caderneta de poupança convencional.

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