São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995 |
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Tendência ironiza `inocência' infantil
DANIEL PIZA
Eles são a primeira linguagem da criança porque brincar é repetir experiências em coisas inanimadas, representar. É da repetição que vem prazer e compulsão. Quando os pais ensinam hábitos (comer, vestir, lavar), usam brincadeiras -e nelas, como mostraram pensadores como Freud e Benjamin, está latente o impulso sexual. E você achava que estava só se divertindo. Já na arte atual, impulso implica sempre perversão sexual, desvio dessas funções supostamente normais. Nada é o que parece ser. Bonecas com braços quebrados, brinquedinhos mecânicos com fins nada ingênuos, bonecos em posições sexuais ``adultas". Toda repetição que se insinua é logo ironizada; qualquer nostalgia por brinquedos, denunciada. Fragmentando, agredindo e satirizando o ludismo infantil, essa arte proclama, em suma, que não há mais inocência. Texto Anterior: Bonecas viram item cult no imaginário pop Próximo Texto: Novas vozes disputam por individualidade Índice |
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