São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Prestígio do Real cai, mas é maior do que popularidade do presidente

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao completar um ano, o Plano Real mantém elevadíssimo índice de aprovação (69% consideram-no bom para o país), mas obtém o pior resultado desde a sua implantação, em julho de 1994.
Talvez por isso a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso não tenha aumentado nos três meses mais recentes, apesar da sucessão de vitórias que obteve no Congresso Nacional, na forma de aprovação de todas as suas propostas para mudar a Ordem Econômica na Constituição.
Essas são as principais conclusões de pesquisas feitas pelo Datafolha com 14.562 brasileiros, entre os dias 20 a 22 de junho, para avaliar um ano de real e seis meses da gestão FHC.
FHC chegou ao governo com a expectativa de 70% dos eleitores de que faria uma administração ótima/boa.
Mas, menos de um mês depois de instalar-se no Palácio do Planalto, seu prestígio despencou: apenas 36% julgavam, no fim de janeiro, ótima ou boa a sua gestão.
A queda de janeiro foi explicada, à época, como decorrência da aparente (ou real) inação do governo e pela combinação perversa de duas decisões.
Numa, o presidente sancionou a anistia ao senador Humberto Lucena (PMDB-PB), condenado por uso eleitoral irregular da gráfica do Senado. Na outra, FHC vetou o aumento do salário-mínimo para R$ 100.
Aí, verifica-se que, para a maioria relativa (44%), não houve mudança alguma, para melhor ou para pior, na sua vida desde a posse de FHC. É um resultado parecido com o da pesquisa anterior, em janeiro, mas com uma distribuição bem diferente.
Em janeiro, dois terços dos pesquisados diziam não ter notado mudança na sua própria vida, porcentagem que cai agora para menos da metade. Subiu tanto a porcentagem dos que acham que a vida melhorou (de 20% para 33%) como a dos que acham que piorou (de 13% para 23%).
A outra possível explicação para a estabilidade no prestígio presidencial vem do julgamento do Real. Embora quase 7 de cada 10 brasileiros continuem achando o plano ``bom" para o país, é o pior resultado nas seis pesquisas que o Datafolha fez sobre o tema desde julho de 94.
O pico do prestígio do Real (79%) ocorreu às vésperas da posse de FHC, ou seja, na pesquisa de meados de dezembro. No período presidencial de FHC, foi caindo: para 75% em janeiro e para 69% agora. Combina com essa queda o fato de que aumenta o número de pesquisados que temem ver reduzido o seu poder de compra.
Em dezembro passado, apenas 20% esperavam a redução, porcentagem que subiu para 25% em março, mas, agora, vai a 33%. Pela primeira vez, é maior a porcentagem dos que temem perder poder de compra do em relação aos que acham que este vai aumentar (são 24% agora contra 29% em dezembro e 31% em março).
Cresceu também o índice dos que acham que o desemprego vai aumentar: era de 47% após três meses de governo, salta para 54% agora. Igualmente, diminuiu o porcentagem de otimistas: há três meses, 20% diziam que haveria menos desemprego. Esse índice é de 16% agora.
Tudo indica que essa avaliação está relacionada ao temor de uma desaceleração excessiva da economia. Agora, no entanto, há menos brasileiros (45%) suspeitando de aumento da inflação do que em março (51%). Tudo somado, a pesquisa permite deduzir que, nas condições atuais, FHC já não se elegeria no primeiro turno.
A intenção de voto nele (39%) é, primeiro, inferior à votação efetivamente obtida em outubro passado (44%). E menor, também, do que a soma das intenções de voto nos demais eventuais candidatos, que vai a 42%.

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