São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995 |
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Ex-presidente do partido critica política do inchaço a todo custo `Não somos dogmáticos', diz Távola, atual presidente CARLOS EDUARDO ALVES
Pimenta aponta o dedo para o articulador da ala vencedora: Sérgio Motta. ``Ele (Motta) não tem vida e prática partidária e faz essa coisa sem juízo", acha Pimenta. O ex-presidente se diz preocupado com um diagnosticado ``crescimento artificial" do partido. Para Pimenta, o ministro das Comunicações optou pela ``via da adesão" e não pelas urnas na receita para engordar a legenda. Pimenta afirma que hoje prevalece uma confusão entre partido e governo. ``O PSDB não deve ser estuário de todos os que apóiam o governo. Está sendo inchado com pessoas que não têm compromisso com o partido", diz. Nem o presidente Fernando Henrique Cardoso é poupado por Pimenta. ``O presidente da República deveria dizer que estão interpretando erradamente o sentimento do partido", diz. ``Estão fazendo uma bobagem. Criamos o PSDB para ter mais homogeneidade que o PMDB e estamos imitando o lado ruim do PMDB", acrescenta. O ministro Sérgio Motta foi informado por sua assessoria sobre as críticas, mas preferiu não polemizar com o ex-presidente do partido. O ministro foi secretário-geral do PSDB quando Pimenta era presidente. A posição de Pimenta é minoritária no partido. Prevalece entre os tucanos o entendimento de que é necessário crescer, mesmo fazendo concessões, para diminuir a dependência que o governo tem hoje do PFL e PMDB. O senador Artur da Távola (RJ), que sucedeu Pimenta na presidência do PSDB, discorda da tese que o partido viva a fase da ``porteira aberta". Eleito com o aval de Motta, Távola diz que existe um ``crescimento ordenado", com preocupação para conservar traços ideológicos. ``Só que não somos dogmáticos e queremos avançar pelo centro, não pela esquerda, para alcançar objetivos sociais próximos àqueles da esquerda", declara o presidente do PSDB. Távola recorre à formação do partido para justificar a adesão de políticos que nunca reivindicaram a defesa da social-democracia. Segundo o senador fluminense, o PSDB foi criado com a junção dos pensamentos social e democrata-liberal. ``Não devemos hostilizar correntes que que se desprenderam do liberalismo e chegaram até a social-democracia", diz Távola. São poucos os casos de tucanos que deixaram o partido por causa da leva de adesões. O mais conhecido é o ex-deputado federal Euclides Scalco (PR). Membro atuante da cúpula tucana até a recente desfiliação, Scalco não concordou com a entrada do ex-governador paranaense Álvaro Dias na legenda. O ex-deputado diz que sua saída do partido foi ``traumática", mas que se sente constrangido em comentar o inchaço tucano agora que se desfiliou. O sindicalista Francisco Urbano Araújo Filho, presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e integrante da Executiva Nacional do PSDB, também pensa em sair do partido. ``Isto está virando um Arenão, cheio de figuras conservadoras e oportunistas atraídas pelo poder", afirma. Texto Anterior: PSDB incha em Minas e sofre cisão no Paraná Próximo Texto: Partido não recebe novas adesões no RS Índice |
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