São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Em agosto, caderneta passa a render menos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

Mudança no cálculo da Taxa Referencial diminui rentabilidade da aplicação em 2,4% ao ano
A caderneta de poupança saiu perdendo com as alterações promovidas no âmbito do processo de desindexação.
Para beneficiar os devedores em TR (Taxa Referencial), como os agricultores, o governo decidiu aumentar o redutor existente no cálculo da taxa.
A TR é calculada com base nos juros médios pagos pelos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), deduzidos de um percentual (o redutor), que foi elevado de 1% para 1,2% a partir de agosto.
A diferença, de 0,2 ponto percentual, equivale a uma taxa de juros ao ano de 2,4% ou o equivalente a quase um terço do juro real prometido pela aplicação (de 6% ao ano).
Apesar disso, os ministros Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Planejamento) se esforçaram, na sexta-feira, em repetir que a poupança não terá perda. ``Não haverá nenhum prejuízo. Nenhum, nenhum, nenhum", disse Serra.
O ministro preferiu ressaltar que a redução da TR beneficiará devedores, como já havia feito o presidente Fernando Henrique Cardoso em cadeia de rádio e televisão.
No pronunciamento, FHC anunciou a medida como a principal novidade econômica. Chamou a redução da TR de ``alívio" para os endividados e disse que os juros, para algumas pessoas e empresas, são ``um desastre".
Além disso, o governo baixou, de R$ 19.218 para R$ 5 mil, a garantia oficial aos poupadores em caso de liquidação do banco onde está depositado o dinheiro.
A redução da garantia foi explicada pelo presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, como ``uma volta ao espírito original da poupança".
Segundo esse raciocínio, a poupança foi criada como uma opção para o pequeno investidor. O limite de R$ 5 mil, disse Loyola, protege 98% dos poupadores.
Segundo os números do BC, atualizados até dezembro do ano passado, apenas 2% dos poupadores detêm 48% do total aplicado.
A atração de grandes investidores pela poupança é um efeito da criação da TR, taxa criada em 1991 e que o governo optou por manter agora.
A TR tornou a poupança praticamente tão rentável como os CDBs e as demais aplicações do mercado, com a vantagem de ser isenta de impostos.
O governo tem manipulado a TR quando quer estimular a poupança em detrimento do consumo. Em janeiro, o redutor caiu de 1,2% para 1%.
Segundo o BC, o fundo que garante os depósitos em poupança conta hoje com cerca de R$ 100 milhões. O dinheiro nas cadernetas soma cerca de R$ 52,8 bilhões.

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