São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Equipe aprendeu com erros anteriores

DA REDAÇÃO

No 13º mês de sua implantação, o Real é o que mostra o melhor desempenho entre os planos de estabilização implementados no país: uma inflação estimada, nos cálculos da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica), de 3,5% para julho.
Se o mercado financeiro estiver correto em suas previsões, o resultado é ainda mais positivo. Em agosto, a inflação voltaria a cair.
As tentativas anteriores nem tiveram um tempo de sobrevida de um ano. Malograram antes.
Tentativa e erro. Não é por acaso que entre os ``pais" mais destacados do Plano Real estão os derrotados de planos anteriores -especialmente do Plano Cruzado, a primeira tentativa.
Edmar Bacha era presidente do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pérsio Arida era diretor do Banco Central, juntamente com André Lara Resende.
Desde aquela época, Arida e Lara Resende defendiam um caminho de combate à hiperinflação. Em determinado momento a economia conviveria com duas moedas: uma seria destruída pela inflação e a outra, sobreviveria ilesa, marcando a entrada de uma nova fase da economia. O plano ficou conhecido como Larida.
Pois o Larida é a semente da URV (Unidade Real de Valor), o truque que possibilitou a transição de uma economia em superinflação para uma economia de inflação baixa.
A inflação imediatamente anterior ao real foi de 50,75%. Em boa medida ela explica os 3,5% previstos para julho.
A URV, com sua indexação diária, possibilitou uma sincronia para o reajuste de preços. Assim, acabou um dos problemas que ajudaram a enterrar os outros planos.
Todo congelamento (expediente anteriormente utilizado) acabava pegando alguns preços ``inflados" e outros ``defasados" -o que gerava ou corridas preventivas ou o aparecimento de ágio ou desabastecimento.
Como a URV virou real com data pré-anunciada, ela possibilitou ainda, nos dias imediatamente anteriores, a uma correção extra dos preços.
Essa ``gordura", maldita nos discursos governamentais, abriu espaço, por exemplo, para a queda de 5,28% dos preços da cesta básica durante o primeiro ano do Real, apurada pelo Procon de São Paulo.
A trajetória de sucesso, porém, não esconde os problemas enfrentados pelo plano. O maior é a questão cambial.
O dólar barato ajudou a segurar a inflação com as importações. Mas, agora, as mesmas importações ameaçam a estabilidade.

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