São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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`É importante haver hierarquia', diz atriz

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto da vereadora Aldaíza Sposati, que proíbe haver discriminação no acesso aos elevadores segundo a condição social das pessoas, não agrada a todo mundo.
Ouça a modelo e atriz Carolina Ferraz: ``As coisas estão tão misturadas, confusas, na sociedade moderna. Algumas coisas, da tradição, devem ser preservadas. É importante haver hierarquia", diz.
Segundo Carolina, o projeto é ``idiota" e os vereadores de São Paulo ``têm coisas mais importantes para se preocupar".
Na opinião de Carolina, a distinção feita pelos elevadores é ``uma definição profissional". Ela explica: ``Não me sinto menor por esperar de 30 a 60 minutos para ser atendida por um diretor da TV Globo, enquanto outras pessoas passam na minha frente. Essas pessoas que furam a fila devem ser mais importantes que eu", diz.
A promoter Daniela Diniz também acha errado misturar empregadas domésticas e patroas num mesmo elevador: ``Não é uma questão de discriminação, mas de respeito. Acho que cada um deve ter o seu espaço", diz ela.
Daniela é da opinião que subir e descer pelo elevador de serviço não é o que mais chateia as empregadas domésticas. ``Acho que se você der um conforto bom para o seu empregado, ele não vai se incomodar de subir pelo elevador de serviço", diz.
Já a atriz Mariana Lima, em cartaz em São Paulo na peça ``O Livro de Jó", comemora a existência do projeto em tramitação na Câmara paulistana.
``É maravilhoso. A discriminação que existe hoje em dia é uma coisa desnecessária, um apartheid minucioso", protesta.
Mariana conta que a empregada que trabalha em sua casa não gosta de descer ou subir no elevador junto com ela. ``Acho que ela tem vergonha, por causa do excesso de preconceito em cima dela. Isso acontece porque uma regra errada acabou se estabelecendo", diz.
A atriz e empresária Michelle Matalon não enfrenta o problema em seu dia-a-dia, já que no prédio onde mora só há um elevador. Mas aprova do mesmo jeito a idéia de acabar com a discriminação.
``Proibir alguém de subir no elevador social é tão absurdo quanto seria obrigar as empregadas a andarem de um lado da rua e os patrões do outro", diz.
(MSy)

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