São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Desemprego e mau emprego

DEMIAN FIOCCA

Desde que estabilizou sua economia, a Argentina acumulou um crescimento per capita de 28%. Mas, ao implementar as chamadas reformas neoliberais, o desemprego dobrou. Era de 7% em abril de 91 e é de 14% hoje. O país avança, mas o assalariado fica.
Empresas privatizadas às vezes divulgam ganhos de produtividade duvidosos, pois contabilizam como redução de pessoal o que não passa de subcontratação -ou terceirização. Se, porém, a privatização da petroleira argentina de fato extinguiu 44 mil de seus 50 mil postos de trabalho, isso é um problema, não uma solução.
O Prof. James Petras, da State University of New York, explica a derrota dos democratas nas eleições legislativas de 94 pela queda da qualidade do emprego. Em nome da competitividade, os salários pioram, há menos segurança, reduzem-se benefícios e aposentadorias.
O estrategista republicano e historiador Edward Luttwak -cotado para ser secretário de Defesa de George Bush- concorda. E, em entrevista à ``Veja", constata: ``O PIB americano dobrou nos últimos 30 anos, mas toda a riqueza produzida foi parar nas mãos de apenas 1% da população".
A concentração de renda e o aumento do desemprego estrutural estão entre os problemas mais graves gerados pelas políticas econômicas de cunho liberal. Moderar a velocidade da competição é uma resposta que se desenha no cenário internacional. Outra saída é ampliar o seguro-desemprego.

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