São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Um novo ano para o Real

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Já estamos no segundo ano do Real. Muita coisa boa aconteceu até agora. Os salários e o emprego subiram, o mercado interno recuperou-se e deu uma imagem de seu extraordinário potencial, a arrecadação fiscal está batendo recordes -o orçamento fiscal está mais perto de um equilíbrio primário- e as estimativas para a inflação de agosto convergem para um número inferior a 2%.
Do lado estrutural de nossa economia, demos alguns passos importantes no sentido de abandonarmos os mitos caídos dos anos 50, com a redefinição dos objetivos estratégicos do Estado e a exposição da economia aos fluxos do comércio exterior.
Entretanto, os desafios e as incertezas que aparecem à nossa frente continuam do tamanho do Brasil. De certa forma, parecem até maiores e mais difíceis do que os vencidos neste primeiro ano do Plano Real.
Espero que a euforia do presidente da República e de seus principais assessores com os sucessos já atingidos dure apenas este fim-de-semana. É fundamental que amanhã o entendimento de que nada foi ganho volte ao Planalto. E com ele, a humildade e a capacidade crítica da equipe de governo.
Entramos no segundo ano do Real com graves problemas pela frente. O principal é a questão do balanço de pagamentos e, dentro dela, o desequilíbrio de nosso comércio exterior.
Não será sustentável, a médio prazo, um déficit comercial, por menor que ele seja. Temos um déficit estrutural de cerca de US$ 18 bilhões por ano na conta de serviços, incluindo juros. Parte dele poderá ser financiado com a entrada de capitais de longo prazo.
Para 1995 este número pode chegar a US$ 3 bilhões. Em 1996, com o programa de privatizações em andamento e com infra-estrutura liberada das amarras do monopólio estatal, este número pode ser bem maior. Mas, mesmo assim, precisamos recuperar um saldo comercial mínimo. Isto não será obtido apenas com o desaquecimento do consumo interno.

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