São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995 |
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Real está aprovado pela indústria, afirma Fiesp
ANTONIO CARLOS SEIDL
Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp, define o Plano Real como ``a mais bem-sucedida experiência de estabilização realizada no Brasil depois do período 1964/67". Para Moreira Ferreira, os destaques do primeiro ano do Real são a queda da inflação para cerca de 2% ao mês e o crescimento de 18% da atividade da indústria paulista até abril. ``O Plano Real mostrou que é possível conjugar queda de inflação com aumento de produção e salários", diz. Ele ressalta que, desde julho passado, o índice de preços industriais registrou queda real de 14%, ao mesmo tempo em que a remuneração da mão-de-obra na indústria aumentou 9%, em termos reais (descontada a inflação do período). Segundo Moreira Ferreira, a continuidade do plano depende, em termos imediatos, da redução das taxas de juros e, a médio prazo, das reformas estruturais. Para a Fiesp, o desafio da economia é continuar crescendo, em torno de 7% por ano, para gerar empregos no ritmo de crescimento da força de trabalho, e, ao mesmo tempo, reduzir o subemprego e o desemprego estruturais. ``O número oficial mais recente indica que os investimentos na economia brasileira alcançaram 18,7% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 95", diz. Para ele isso é ``significativo", quando se sabe que a taxa de investimento não passou de 15% do PIB (a soma da produção nacional), nos últimos anos, com exceção apenas do período do Plano Cruzado, quando chegou a 18%. Moreira Ferreira espera que a taxa de investimento chegue rapidamente, talvez ainda neste ano, ao nível de 20% por ano. ``Precisamos de recursos financeiros e tecnologia e hoje não há mais dúvidas quanto à conveniência de se investir no Brasil", diz. Moreira Ferreira acredita que o cenário favorável para investimentos estrangeiros no país ganha contornos mais nítidos com o andamento bem-sucedido das reformas constitucionais. Ele destaca a eliminação das restrições ao capital estrangeiro, a quebra dos monopólios na distribuição do gás, nas telecomunicações e no petróleo, e o fim da reserva de mercado na navegação de cabotagem. ``São mudanças de extraordinária importância, porque abrem espaço ao investimento privado, nacional e estrangeiro, em áreas há pouco intocáveis, e que eram tratadas emocionalmente", afirma. Outro passo importante para o aumento dos investimentos privados no país, segundo a Fiesp, é o programa de privatizações, agora com a inclusão ``corajosa" da companhia Vale do Rio Doce. A indústria paulista, responsável por cerca de 45% da produção do país, insiste que a reforma mais importante será a do atual sistema tributário, que é ``inadequado para uma economia aberta", segundo Moreira Ferreira. A proposta da Fiesp sugere a manutenção dos atuais níveis de arrecadação, mas com a desoneração da produção, do investimento e da exportação. Texto Anterior: BANCO; SEGUROS 1; SEGUROS 2 Próximo Texto: Entidade vê "momento delicado" Índice |
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