São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995 |
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Coral gospel reúne "fiéis" da música negra
SYLVIA COLOMBO
O reverendo Edward Johnson, pastor da igreja, faz questão de atrair o público jovem para as apresentações. ``Procuramos salientar o ritmo e nos aproximar da cultura pop", diz. O coral não faz pregação. ``Não trasmitimos mensagens cifradas nem fazemos doutrinação à força. Nossa música caminha para o coração através da melodia." Se apresentar em países religiosos nem sempre é a mesma coisa. ``Nem todo mundo relaciona religião com alegria. Muitos povos a identificam apenas com medo e obrigações. O Brasil parece ter a nossa fórmula." Questões políticas estão fora das preocupações da igreja e do coral. ``Mas não podemos deixar de nos preocupar com os caminhos da humanidade. Por exemplo, o povo norte-americano está cada vez mais conservador e direitista." O Brasil e os Estados Unidos têm algumas semelhanças em sua visão. ``A pobreza leva ao medo, as pessoas aderem ao conservadorismo e ao egoísmo. Isso leva a sentimentos perigosos como o nacionalismo exagerado." Para os shows de hoje o grupo prepara um repertório com um ritmo bastante dançante. ``Pode parecer distante para um brasileiro a idéia do gospel, mas é o coração da música negra e logo vai ser reconhecido por suas semelhanças com samba e reggae." Muitos músicos de blues, jazz e rock começaram cantando em corais de gospel ou foram influenciados por eles. Entre o folclore e os novos modismos, o Mount Moriah se mantém atualizado. ``Investimos até no rap." O grupo foi descoberto pelo brasileiro Nelson Motta, que produziu o disco que sai agora no Brasil, pela Continental. Composto por 50 músicos entre 8 e 87 anos, o coral se apresenta pela segunda vez no país (a primeira foi em 1994), dentro do 5º Festival de Artes Cênicas. ``Nossa atualidade está nos nossos discípulos, dentro e fora do coral." Segundo ele, é mais importante deixar claro o quanto o gospel influencia o pop, o rock e o blues do que divulgar a música de sua igreja especificamente. ``Nosso trabalho não é engajado, nossa preocupação é com o amor, a mensagem de Cristo e a união entre as pessoas." O Mount Moriah já se apresentou em Curitiba e em Brasília, onde foi visto pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e a primeira-dama, Ruth Cardoso. Em São Paulo, fazem três apresentações, hoje, às 15h30 e 20h30 na Igreja Nossa Senhora de Fátima e amanhã, às 20h, na Fundação Renascer. Os ingressos podem ser adquiridos nas bilheterias do Teatro Ruth Escobar. Em Salvador, o coral canta na próxima quarta, no teatro Castro Alves. Espetáculo: coral Mount Moriah Onde: Igreja Nossa Senhora de Fátima (av. Dr. Arnaldo, 1.831, Sumaré, zona oeste) Quando: hoje, às 15h30 e 20h30 Quanto: de R$ 5 a R$ 50 (em benefício do Conselho da Comunidade Solidária) Espetáculo: coral Mount Moriah Onde: Fundação Renascer (av. Lins de Vasconcelos, 1.108, tel. 277-4688, Cambuci) Quando: amanhã, às 20h Quanto: R$ 10 Onde comprar: Teatro Ruth Escobar (r. dos Ingleses, 209, tel. 289-2358) Texto Anterior: Royal Philharmonic mostra estética refinada Próximo Texto: Disco mostra vigor do gospel Índice |
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