São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Milionário patrocina combate à pobreza

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL A CHENGDU

Liu Yonghao não tem secretária nem chofer, dirige um Volkswagen Santana 92 feito em solo chinês, orgulha-se de usar roupas baratas e de seu projeto para combater a pobreza na China. "Quero ver gente rica em meu país, riqueza para todos", conclama.
Liu e mais nove empresários criaram o "Projeto Brilhante". Cada companhia se encarrega de criar pólos para ensinar técnicas modernas aos agricultores chineses. Com isso, tentam aumentar sua produtividade e renda.
Em setembro passado, o grupo Hope investiu 15 milhões de yuans (US$ 1,8 milhão) na construção de uma fábrica de ração para porcos em Niang Shan, região 550 km ao sul de Chengdu.
A unidade deve comprar o milho plantado pelos agricultores da região, que agora são assessorados por especialistas enviados pelo grupo Hope para tentar modernizar as técnicas de plantio, as mesmas há séculos.
"O meu maior prazer é apreciar os resultados do trabalho", diz Liu Yonghao. "Procuro dar o exemplo". Ele diz que não bebe, não fuma e ainda proíbe seus funcionários de fumarem nas dependências da companhia.
Questionado sobre seus gastos pessoais, Liu afirma: "Que gastos? Estas roupas que uso agora somadas não custam mais do que 100 yuans (US$ 12,2)".
Ele veste camiseta estilo pólo branca, bermuda verde, meias cinzas e sandálias de couro, numa combinação de gosto duvidoso. O calor, usado como pretexto para a bermuda, não passa de 25ºC.
Na hora de tirar fotografia, Liu veste uma camisa. Guarda ainda no armário uma gravata, uma calça e sapatos para ocasiões sociais de emergência.
Em seu escritório não há vestígios de riqueza nem de computador. Os móveis são chineses.
Na sala de visitas, ficam apertados um sofá e duas poltronas de napa marrom, além de uma mesinha de centro retangular, com um vaso de flores artificiais.
Liu diz evitar restaurantes. Durante a semana, em seu escritório, almoça e janta a comida servida na cantina para os 60 funcionários da sede da empresa. Ele usa garfo em vez dos palitinhos.
Lazer quase desaparece da rotina de Liu, movido pela típica dedicação oriental ao trabalho.
Em casa, mergulha na leitura de relatórios da empresa e dos dez jornais chineses que assina, entre eles o "Diário do Povo", porta-voz do PC, e o "Diário Econômico", um dos preferidos dos novos capitalistas chineses.

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