São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Governo reabre negociações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os produtores rurais que participam do protesto ``Marcha sobre Brasília" conseguiram ontem reabrir negociações com o governo para discutir as dívidas do setor.
Representantes dos produtores se reúnem hoje, às 12h, com o presidente interino, Marco Maciel, para entregar suas reivindicações. O ministro José Eduardo de Andrade Vieira (Agricultura) também estará presente.
Às 16h, os agricultores voltam a conversar com Andrade Vieira. As reuniões foram acertadas ontem à tarde, entre uma comissão de oito produtores com Andrade Vieira.
``A TR (Taxa Referencial) é um dos problemas", disse Mário Bertani, produtor gaúcho e membro da comissão de negociação.
Os agricultores também apontam como problemas as dívidas do Plano Collor, os impostos do setor agrícola, as importações de países com subsídios para a agricultura e querem garantia de preço mínimo.
Segundo a assessoria de Andrade Vieira, se os agricultores tiverem uma solução sem risco para o Plano Real, ela será adotada.
O produtor goiano José Lázaro da Silva disse que se a situação não mudar, a partir de agosto não haverá mais plantio.
``Temos condições de plantar o mínimo possível, fazer uma campanha para não plantar e aí vamos acabar com o Plano Real. Está na mão da classe política", afirmou.
Ele é presidente da Central de Associações de Produtores Rurais, sediada em Rio Verde (GO).

Bancada ruralista
Os produtores criticaram ainda o acordo feito entre a bancada ruralista e o governo em maio.
Segundo Lázaro, o acordo foi um ``retrocesso" e uma ``piada". Ele criticou o deputado Nelson Marchezelli (PTB-SP), um dos líderes dos ruralistas.
``Não queremos o Marchezelli do nosso lado. Não queremos pessoas que levam proveitos sem negociar com as bases", disse.
Segundo Lázaro, com o acordo, os juros aumentaram para o pequeno produtor. ``O juro real era de 6% ao ano e passou a 16%, com o preço mínimo congelado. O que ficou congelado a não ser o produto agrícola?", disse.

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