São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Jerry Lewis encontra De Niro

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A TV é assim: podemos passar semanas e semanas de miséria cinematográfica completa e, de repente, topar com um dia como hoje, em que passam "O Rei da Comédia" (Globo, 22h45), "Olhos na Boca" (CNT/Gazeta, 23h) e "Amarcord" (Globo, 1h20).
O dia está tão rico que quase dá para passar batido por "Olhos na Boca", a menos que se tenha um interesse particular na obra de Marco Belocchio. O ótimo cineasta italiano está, aqui, num de seus momentos de confusão (o que o torna, diga-se, confuso, não nulo).
O principal está mesmo na Globo, que fecha sua programação do dia com o "Amarcord", de Fellini. Foi escolhido, em recente pesquisa da Folha com cem críticos de todo o mundo, um dos dez melhores dos cem anos de cinema. É, com certeza, um dos mais confessionais do diretor italiano.
Aqui, trata-se de rever sua infância, em episódios bem-humorados, até quando a presença nazista no país, durante a Segunda Guerra Mundial, está em pauta.
Antes dele, entra "O Rei da Comédia", um grande Martin Scorsese. Robert De Niro faz o homem convencido de ser um fenômeno cômico. Ele quer uma chance no show de Jerry Lewis (que está muito do sério).
Scorsese nos poupa da abstração corrente às críticas à TV pelo cinema (tipo "Rede de Intrigas"). Prende-se aos personagens. Ao tipo de sonhos que gera (o de De Niro), à estranha inflexão que empresta a certos caráteres, em vista da celebridade de suas imagens (é o caso de Jerry).
A discrição com que "O Rei da Comédia" trata seu tema equivale à eficiência: Scorsese pega um aspecto, entre outros, da TV e o disseca com mãos delicadas.
(IA)

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