São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Ieltsin admite ataque cardíaco

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, falou ontem na televisão em uma nova tentativa de mostrar que seu estado de saúde é bom.
Ele está internado desde a semana passada. Os médicos dizem que ele deve deixar o hospital na próxima segunda-feira.
Os boatos de que o presidente estaria em estado grave se intensificaram ontem, quando a imprensa russa disse que uma foto divulgada pelo governo (que mostra Ieltsin trabalhando no hospital) é falsa.
Segundo os jornais, a foto teria sido tirada em abril, quando o presidente estava de férias no sul da Rússia. O governo nega a fraude.
Em sua fala, Ieltsin admitiu ter sofrido um ataque cardíaco, há dez dias. Até agora, os médicos vinham dizendo que ele foi internado com uma isquemia cardíaca (deficiência de irrigação sanguínea no coração).
Durante sua aparição na TV pública ORT, ele disse que tentou deixar antes a Clínica Central de Moscou, onde está internado, mas foi proibido por seus médicos.
Ele vestia um agasalho esportivo e tinha a voz rouca. Chegou a levantar-se e a abraçar o primeiro-ministro russo, Viktor Tchernomirdin, que foi visitá-lo pela primeira vez levando flores.
Durante a conversa, Ieltsin disse ter encontrado uma solução para a crise na Tchetchênia. "É claro que é a nossa própria solução, que será oferecida ao lado tchetcheno".
Emissários nomeados por Ieltsin negociam com os separatistas da república da Tchetchênia uma solução para o conflito. A Rússia ocupou militarmente a região em dezembro passado.
O presidente russo não explicou em que consistia o plano, mas afirmou que pretende mandar um representante da cúpula de seu governo para assumir a administração local, antes das eleições na república separatista, previstas para o mês de novembro.
A Procuradoria Geral da Rússia decidiu mover processo contra o roteirista e os diretores do programa "Kukli" (marionetes), por "insulto à honra e à dignidade" dos principais dirigentes do país.
No programa de 8 de julho (sábado), Ieltsin e Tchernomirdin apareciam caracterizados como aposentados pobres, tentando sobreviver com o salário mínimo (equivalente a US$ 10).
Ieltsin pedia esmolas e Tchernomirdin vendia por peças sua caldeira de gás. A piada é referência às ligações entre o primeiro-ministro e a empresa Gazprom.
"O bufão deve divertir-se com o rei, e se o rei não ri é sinal de que é um débil", disse o roteirista Viktor Tchenderovitch.

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