São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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'Errávamos hora e local do encontro'

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pontualidade era tudo que a psicóloga Flávia Mendonça, 27, não esperava do polonês Raduc, seu ``romance de férias" durante uma viagem à Inglaterra no final de 94.
``Sempre, nos nossos encontros, havia erro de horário ou lugar. Eu falava quinze para as sete e ele aparecia sete e quinze. Marcava à direita da escola e ele me esperava do lado esquerdo."
Os dois foram para a Inglaterra aprender inglês. Se conheceram frequentando uma sala de nível iniciante completada por coreanos, japoneses, tailandeses, mexicanos e mongóis.
Para se manter na Inglaterra, Raduc arranjou emprego como lavador de pratos em um restaurante. ``O vocabulário dele era prato, colher, cozinha e só. E eu sabia apenas aquelas frases do tipo How are you? (Como vai?) e What time is it? (Quer horas são?)", conta. Flávia acabara de voltar de uma temporada de quase quatro anos na França, onde estudava e trabalhava como ``au pair" (estudante que, em troca de hospedagem, cuida das crianças da família).
Os dois começaram a namorar em uma festa. ``Quando foi se declarar para mim, ele acabava cada frase com um `Do you understand?'. Dei uma de difícil. No fim, Raduc disse que queria me levar para a Polônia para mostrar que a coisa era séria", conta.
O namoro de Flávia e Raduc durou pouco mais de dois meses. ``Íamos nadar, passear no parque. A relação foi muito adolescente, parecíamos namoradinhos", afirma.
Os assuntos também eram adolescentes, na opinião de Flávia. ``Para entender um ao outro, usávamos demais a expressão ``a kind of" (um tipo de), além dos gestos. Mesmo assim, nunca tinha certeza de ter sido compreendida", afirma.
Ele ensinava Flávia a falar algumas palavras em polonês. ``Acho que aprendi umas 50". Os dois também trocavam informações sobre seus países.
Para Flávia, o brasileiro tem mais facilidade de se comunicar, mesmo desconhecendo a língua. ``O Raduc sempre dizia que gostaria que eu falasse polonês, para entender o que ele queria dizer. Ao mesmo tempo, o que eu falava, para ele, era suficiente."
(PD)

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