São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
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Emenda estende direito à família de militar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Jair Bolsonaro (PPR-RJ) disse ontem que vai apresentar emenda ao projeto do governo sobre desaparecidos políticos para estender o direito de indenização às famílias dos militares mortos por guerrilheiros.
O projeto elaborado pelo chefe de gabinete do Ministério da Justiça, José Gregori, prevê indenizações de R$ 100 mil a R$ 150 mil às famílias dos desaparecidos, de acordo com a idade com que eles morreram.
Segundo o deputado, há uma lista com nomes de cem militares que morreram nas ações de combate aos guerrilheiros.
``Só na operação de Xambioá (norte do Tocantins), no início da década de 70, morreram 20 pára-quedistas", disse.
Ele rejeita a proposta dos familiares para que o projeto do governo permita a investigação sobre as circunstâncias em que os desaparecidos foram mortos e aponte os responsáveis.
Na condição de capitão da reserva do Exército, Bolsonaro afirmou que não é justo indenizar as famílias dos ``comunistas" e negar o mesmo direito aos herdeiros dos militares mortos.
O deputado diz que tomará a iniciativa para atender as reclamações que tem recebido de segmentos militares contrários à indenização prevista no projeto.
``Eu tenho recebido telefonemas de militares sobre o assunto e chegamos ao consenso de que só pode haver indenização para os dois lados. Os militares morreram em luta e felizmente conseguiram vencer os comunistas", disse.
Bolsonaro disse que a comissão a ser criada para estudar os casos dos desaparecidos terá tarefas difíceis se o projeto do governo for aprovado com as reivindicações das famílias dos desaparecidos.
``Será impossível após tanto tempo localizar e identificar as ossadas. Se fizerem isso, estarão esquecendo que anistia é passar a borracha em cima", disse.

Comissão
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Nilmário Miranda (PT-MG), disse ontem que a proposta de Bolsonaro não será aceita pela Casa.
Em sua opinião, o projeto de emenda será rejeitado porque essas famílias já foram contempladas com pensões pagas pelo governo brasileiro desde as suas mortes.
Hoje, familiares dos desaparecidos irão participar de audiência pública para definir suas emendas ao projeto do governo.

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