São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
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Nomeações de técnicos para `teles' revoltam bancadas

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O espaço desproporcional ocupado pelo PSDB nas nomeações das ``teles" (subsidiárias da Telebrás) e a colocação de técnicos no lugar de parte das indicações políticas está provocando uma crise na bancada governista.
O PSDB já fez 5 das 10 presidências eleitas. ``Está 5 a 1 para o PSDB", afirma o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). Ele tenta agora manter Paulo Costa na presidência da Telpe (PE).
Inocêncio afirma ter sido avisado pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta, de que sua intenção é a de colocar técnicos na presidência e diretorias da Telpe. O líder do PFL quer manter, pelo menos, o diretor técnico Eugênio Moraes.
``O presidente me prometeu manter o Eugênio. Ele é um técnico muito competente", diz.
O senador Carlos Wilson (PSDB-PE) indicou o nome de Clodoaldo Torres para a presidência ou para uma das diretorias da Telpe.
O ministro provocou a revolta das bancadas do PFL, PTB, PP, PL e PPR do Rio de Janeiro ao colocar técnicos nas diretorias da Telerj e entregar a presidência da empresa ao PSDB.
Por indicação do presidente nacional do PSDB, senador Artur da Távola (RJ), Motta nomeou o ex-presidente da Casa da Moeda, Danilo Lobo, presidente da Telerj.
Os deputados governistas haviam feito indicações políticas para as diretorias da Telerj.
O apoio da bancada ao governo não é certo neste segundo semestre, afirma o deputado Francisco Silva (PP-RJ): ``Está todo mundo revoltado, triste com o governo. Não sei como será este semestre. O futuro a Deus pertence".
Silva organizou uma reunião em sua casa, em abril, com 25 membros da bancada fluminense. Indicaram Eduardo Cunha para a presidência e mais quatro diretores. Cunha foi presidente da Telerj no governo Fernando Collor.
O deputado afirma que a bancada foi fiel ao governo. Agora, esperava a recompensa: ``O governo não está tratando a gente da mesma forma. Votamos medidas impopulares, indigestas".
O deputado Simão Sessim (PPR-RJ) queria manter Mário Silva na Diretoria de Recursos Humanos. Disse que aceita as nomeações técnicas, mas considera incoerente a entrega da presidência aos tucanos.
``No fundo, ele atendeu ao Artur da Távola isoladamente. Fiquei um pouquinho chateado, porque o único nome que eu tinha indicado era o do Mário Silva", diz Sessim.
A formação da diretoria da Telesp (SP) desagradou ao líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP). Ele perdeu a Diretoria Técnica, que era ocupada por Silvio Vince.
``O Motta me prometeu, na frente do Luiz Carlos Santos (líder do governo na Câmara), que manteria o Vince. Se não cumpriu, é porque teve um fato maior do que a palavra dele", disse Costa Neto.

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