São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
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Exército retira armas achadas em Cumbica

DA REPORTAGEM LOCAL

O Exército recolheu ontem à tarde as armas que foram encontradas pela Receita Federal em um depósito do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo).
Participaram da operação três caminhões, dois jipes e um carro do Exército.
O comboio, acompanhado por seis batedores em motocicletas, deixou o aeroporto às 17h50.
O destino dos armamentos não foi divulgado. Os caminhões que participaram da operação eram do 2º Batalhão de Polícia do Exército, localizado na rua Abílio Soares, no Paraíso (zona sul de SP).
Segundo a Receita, foram encontradas no depósito cerca de 70 armas, entre metralhadoras, fuzis, revólveres e granadas, além de pelo menos 7,5 kg de pólvora.
O material estava no depósito de perdimento, onde ficam as mercadorias com irregularidade fiscal ou abandonadas.
Segundo o Exército, as armas ofereciam risco porque estavam perto de material combustível.
Até as 17h30, o Ministério do Exército em Brasília não confirmava oficialmente a retirada das armas do depósito.
No início da tarde o Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército) informou que a Imbel (Indústria de Material Bélico), que seria proprietária de parte das armas, faria a retirada do material.
Procurados por telefone às 14h30, 15h40, 17h30 e 17h40, os diretores da Imbel estavam em reunião, segundo uma secretária. Às 18h15 o expediente na empresa, ligada ao Ministério do Exército, havia se encerrado.
Ao ser avisado que caminhões do Exército retiravam as armas, o Ccomsex informou que, por um decreto federal, o Exército é o responsável por definir o destino de armas e munições apreendidas por autoridades policiais, militares ou fazendárias.
Segundo Francisco Labriola, inspetor substituto da Receita Federal em Cumbica, o Ministério Público Federal deve investigar se há crime na importação ou exportação das armas. O MP não informou o andamento da apuração.
Labriola disse que o MP pode pedir que a Polícia Federal entre na investigação. A PF informou que não foi comunicada oficialmente sobre o encontro das armas.
Segundo Labriola, a auditoria que está sendo feita nos armazéns pode encontrar mais armas e munições. A Receita diz que vai continuar a investigar para encontrar os responsáveis pelas armas.
O inspetor da Receita no aeroporto, Flávio Del Comuni, 41, disse anteontem que há lotes que estão no depósito desde 92.
Ele disse não saber se administrações anteriores teriam comunicado o Exército sobre as armas. ``Só soubemos das armas com a auditoria", disse.
A alfândega de Cumbica está sob intervenção da Receita. Há um mês, o inspetor da alfândega Aramias da Graça Pereira foi substituído no cargo por Del Comuni.
Procurado por telefone, Pereira não foi localizado ontem para comentar o assunto.

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