São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Capturado líder do cartel de Cali

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia colombiana capturou ontem Miguel Rodriguez Orejuela, considerado o segundo líder mais importante do cartel de Cali.
A prisão de Rodriguez, 51, é o maior golpe ao cartel desde a detenção de seu irmão mais velho, Gilberto, o principal líder do cartel, em 9 de junho.
Também é considerada uma oportunidade de reabilitação junto à opinião pública para o presidente Ernesto Samper, acusado de aceitar doações do cartel de Cali para sua campanha eleitoral.
Rodriguez foi detido após cerco a um luxuoso prédio de apartamentos na zona oeste de Cali, na madrugada de ontem.
Ele foi levado de avião à capital, Bogotá, e apresentado algemado à imprensa pela polícia.
O general Luís Enrique Montenegro, vice-comandante da polícia colombiana, disse que policiais arrombaram a porta do apartamento da primeira mulher de Rodriguez, invadiram o local e o prenderam pouco antes que ele se escondesse em um compartimento secreto. Ele não resistiu à prisão.
Segundo a polícia, a operação para a captura de Rodriguez envolveu mais de 500 policiais. O governo oferecia recompensa de US$ 1,6 milhão a quem desse informações que resultassem na prisão.
Também foram presos a primeira mulher de Rodriguez, Amparo Pardo, um guarda-costas e duas empregadas.
O procurador-geral Alfonso Valdivieso disse que Rodriguez pode ser condenado a 24 anos de prisão. A pena pode ser reduzida por bom comportamento e em caso de Rodriguez colaborar com as autoridades.
Segundo a polícia, ele exercia a chefia do cartel desde a prisão de seu irmão. Autoridades norte-americanas acreditam que a organização controla 80% do tráfico mundial de cocaína.
A prisão de Rodriguez ocorre cerca de duas semanas depois do início de uma das maiores crises políticas da história da Colômbia.
O estopim foi a prisão de Santiago Medina, tesoureiro da campanha eleitoral do presidente Ernesto Samper.
Medina afirmou que Samper aceitou quantia de pelo menos US$ 6 milhões doados pelo cartel de Cali para sua campanha.
Rodriguez negou ter colaborado com a campanha eleitoral de Samper. ``Eu não dei dinheiro a ninguém. O presidente Samper é um homem honesto. É tudo invenção de Medina", gritou Rodriguez a jornalistas enquanto era recolhido pela polícia.
Por causa das denúncias de Medina, a Justiça colombiana determinou que o ministro da Defesa, Fernando Botero, e o próprio Samper sejam investigados.
Pressionado, Botero, chefe da campanha de Samper, renunciou ao cargo na última quarta-feira.
Até então, a popularidade do presidente colombiano vinha caindo. Uma pesquisa publicada ontem pelo jornal ``El Tiempo" afirma que 48% dos colombianos acreditam que o presidente sabia do uso do dinheiro do narcotráfico em sua campanha, contra 44% que crêem em sua inocência.
A detenção de Rodriguez, um dia antes do primeiro aniversário do governo Samper, alivia um pouco a situação do presidente.
Samper afirmou ontem que a prisão de Rodriguez significa ``o fim do cartel de Cali".
O presidente colombiano resolveu antecipar para a noite de ontem o discurso de comemoração pelo aniversário de seu governo.
Em menos de dois meses, as autoridades colombianas praticamente desmantelaram o cartel, capturando ou forçando à rendição seus principais líderes. O único líder do cartel de Cali que continua foragido é Helmer Herrera Buitrago.
O diretor da agência de combate ao narcotráfico dos EUA, Lee Brown, cumprimentou o governo colombiano pela prisão.

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