São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 1995
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Escritor faz 'romance turístico'

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um homem que anda com um cachorro que não existe, um inventor povoado por demônios que tem veneno suficiente em casa para matar a cidade toda, uma drag queen negra que só gosta de namorados loiros, uma cantora de bar que sabe nada menos que 6.000 canções, uma feiticeira que vive com problemas de dinheiro. Esses são apenas alguns personagens reais da galeria de tipos que John Berendt colhe em Savannah.
A própria cidade -sua história, suas praças, as casas antigas restauradas- também é descrita minuciosamente. Esse cuidado com a narração faz do livro de Berendt algo mais que um ``documentário" sobre Savannah.
O escritor consegue realizar a um só tempo um romance, um guia turístico e um livro de história. E talvez isso explique a grande popularidade de ``Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal" e o fascínio que Savannah passou a exercer sobre os americanos.
Para não tornar o livro entediante, cada um dos quatro julgamentos de Jim Williams tem um tratamento formal diferente. E é a curiosidade pelo destino desse homem intrigante que leva o leitor a conhecer o resto da sociedade.
Uma sociedade, diga-se, bastante esnobe e classista, cheia de valores como baile de debutantes e chás das mulheres casadas. É a partir desse contexto, que é o de toda cidade pequena, que Berendt apresenta sua galeria bizarra, formada, afinal, pelos tipos comuns da cidade.

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