São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995 |
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"Assessor sem cargo" reabre "caso Dallari"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REDAÇÃO Deputado quer que Malan e secretário esclareçam participação de Roberto de Melo em reuniões oficiaisA informação de que Roberto de Melo participava de reuniões setoriais do Ministério da Fazenda sem ter cargo no governo reabriu o ``caso Dallari. O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) quer explicações do ministro Pedro Malan (Fazenda) e do secretário de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari, sobre a participação do ``assessor" nas reuniões. A Folha revelou em parte da edição de ontem que Malan proibiu a entrada de Melo no Ministério. Amigo pessoal de Dallari, Melo participava de reuniões do Ministério, em São Paulo, sobre negociação de preços com o setor privado, apesar de não ter vínculo com o governo. No cartão de visita publicado pela Folha, Melo se apresenta como ``assessor técnico" do Ministério da Fazenda. Dallari também vem sendo acusado de manter sua consultoria, Decisão, a serviço de empresas privadas, mesmo depois de entrar para o governo. Apesar das acusações, o presidente Fernando Henrique Cardoso manteve Dallari no cargo. Na semana passada, Chinaglia apresentou recibos com timbre da Decisão emitidos depois que o secretário assumiu cargo público. Dallari nega ter assinado os recibos diz estar afastado da empresa. ``O mau cheiro deste caso está aumentando. Malan tem que explicar por que não fez nada contra Dallari e apenas proibiu a entrada do amigo do secretário no ministério", afirmou Chinaglia. Melo vinha dando consultoria a Dallari na área de planos de saúde, conforme informação da assessoria de Malan. Médico aposentado pela Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Melo tinha livre acesso às instalações do Ministério e era conhecido como o principal assessor de Dallari em São Paulo. Chinaglia afirmou que vai acrescentar a revelação feita pela Folha na representação que encaminhou à Procuradoria Geral da República contra Dallari e no pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que pretende apresentar no Congresso para analisar as atividades do secretário. ``Dallari tem que explicar como autorizou essa pessoa a participar das reuniões", disse. O deputado afirmou ainda que estuda uma ação penal contra Melo. Chinaglia comparou as ligações de Melo no governo ao do empresário PC Farias, amigo do ex-presidente Fernando Collor. ``PC sempre afirmou que não fazia parte do governo, mas tinha uma ligação estreita com Collor. É necessária uma investigação para nos mostrar a extensão do interesse paralelo neste caso", afirmou. Segundo o deputado, a participação de Melo nas reuniões ``é mais uma confirmação de que Dallari trata a coisa pública como se fosse dele". A Folha tentou ouvir ontem o ministro da Fazenda sobre as declarações do deputado. Sua assessoria informou que ele não estava localizável. À noite, viajaria para Buenos Aires. Ontem à tarde a Folha tentou falar com Dallari. Foi deixado recado com seus familiares em Serra Negra (SP). Às 19h05, seu pai informou que ele tinha saído e estava se deslocando para São Paulo. A Folha também tentou falar com Roberto de Melo. Foi deixado recado na secretária eletrônica de sua casa. A exemplo do que ocorreu no sábado, ele não respondeu. Colaborou a Redação Texto Anterior: Inocêncio apressa processo para aposentaria especial Próximo Texto: Caso é inédito na administração Índice |
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