São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
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Dificuldades para mudar atrasam aumento de lucros

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Os críticos da reengenharia acabam de ganhar mais um argumento em sua cruzada contra a receita de mudanças radicais nos processos que envolvem as operações das empresas.
Uma pesquisa internacional revela que, devido à dificuldade de implementar na prática programas de reestruturação e de melhorias da qualidade, eles nem sempre têm resultado em garantia de lucratividade.
Metade de um grupo de 69 corporações norte-americanas, européias e asiáticas submetidas a esses processos não obteve qualquer aumento de lucros nos últimos cinco anos.
Somente 13% das companhias conseguiram, nesse período, crescimento superior a 33% nos lucros. Foram detectadas duas práticas em que o desempenho delas é ``significativo" e ``consistente".
São empresas que fixam seu foco no acompanhamento e avaliação da execução dos programas. Além disso, há visível comprometimento da cúpula com a condução dos programas.
Para 51% das empresas não houve avanços no tempo necessário para planejar e implementar as mudanças. Apenas 3% informaram que os projetos são concluídos em metade ou menos tempo.
A obsessão pela velocidade e flexibilidade tem gerado distorções na aplicação da reengenharia, conclui a pesquisa. Os executivos privilegiam projetos ``rápidos", em vez de projetos ``certos".
O levantamento, realizado pelas consultorias Richard Muther & Associates, High Performance Concepts e Mocsányi Consultores Associados, traça um diagnóstico dos pontos vulneráveis.
A comunicação sobre os objetivos visados por esses programas é problemática. ``Os profissionais tendem resistir mais ao desconhecimento sobre mudanças que estão por vir", afirma o estudo. Outro aspecto é que a reengenharia vem sendo utilizada como ``eufemismo" para redução de quadros.
Atendimento a clientes é a atividade mais visada. Das 69 empresas pesquisadas, 72% submeteram ou vão submeter essa área ao crivo da reengenharia, seguindo-se os departamentos de produção (70%) e de compras (69%).
Menos de 10% adotaram ou pretendem adotar as mesmas práticas em relação às suas áreas de informática e de recursos humanos.

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