São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
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Opinião do pública fica dividida com o escândalo

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

As suspeitas de que o presidente Ernesto Samper Pisano recebeu financiamento no narcotráfico para a sua campanha eleitoral racharam a sociedade colombiana ao meio.
Pesquisa publicada pelo matutino ``El Espectador" (liberal, como o presidente) mostra que uma maioria relativa (47%) ainda acredita que as denúncias não passam de uma ``conspiração" contra o presidente.
Mas a soma dos 37% que acham que as denúncias correspondem à realidade com os 15% que não têm opinião dá uma maioria de críticos ou desconfiados.
Talvez mais indicativo seja o resultado apenas entre os homens: há um virtual empate. São 47% os que falam em conspiração contra 43% que acham que as denúncias batem com a realidade.
A tradição histórica latino-americana é a de maior peso da opinião masculina do que da feminina, em especial na política. A divisão de opiniões parece reflexo claro da confusão em que mergulhou o país na esteira do episódio.
Mais do que confusão, parece haver uma espécie de ``mea culpa" coletivo, a ponto de o senador Jaime Arias Ramírez, presidente do Partido Conservador, chamar a Colômbia de ``narcossociedade".
"A influência no narcotráfico não é só no nível político, mas meteu-se também nos negócios e na vida social", diz o senador, que preside um dos dois partidos que dominam a vida política (o outro é o Liberal, de Samper).
A autocrítica implícita na frase de Arias Ramírez não impede que sejam os partidos tradicionais os alvos de críticas duríssimas.
Como a de Enrique Santos Calderón, colunista do ``El Tiempo": ``O que sai a brilhar, em meio à hipocrisia e aos elogios mútuos, é uma desprezível e assustada oligarquia".
(CR)

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