São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
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A travessia para a infância

A gravidade de problemas como o dos menores de rua nas grandes cidades não pode mais esperar por soluções que dependam apenas da oferta de verbas oficiais ou da elaboração de estratégias cujos efeitos somente serão registrados a longo prazo -na melhor das hipóteses.
Por isso mesmo, com a finalidade de colaborar com o poder público, têm sido agora viabilizadas no país parcerias entre iniciativa privada e entidades da sociedade civil.
A mais recente, envolvendo o Banco de Boston e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, voltada para a alimentação e o ensino profissionalizante de aproximadamente mil crianças de rua da região central paulistana, a um custo mensal de R$ 90 por criança, aponta para o surgimento de uma nova mentalidade de envolvimento dos cidadãos com um problema que cada vez mais repele subterfúgios.
Não há como esperar que, num arroubo voluntarista e a despeito dos problemas que já enfrentam, algumas famílias decidam trazer para suas casas essa população abandonada. Mas parece firmar-se pouco a pouco a impressão de que, aliando-se à sensibilidade individual a disponibilidade de contribuições relativamente modestas para as classes mais abastadas -como as do projeto Travessia acima mencionado- e os recursos institucionais já existentes, muitas dessas crianças poderão realizar a desejada travessia entre um presente que as condena à degradação e um futuro com um mínimo de dignidade.

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