São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lições da Colômbia

CLÓVIS ROSSI

BOGOTÁ - Os responsáveis no Brasil pela segurança pública, em especial os do Rio de Janeiro, deveriam prestar atenção ao que está ocorrendo na Colômbia, talvez o país do mundo mais assemelhado ao Brasil nessa matéria.
Ainda mais que o secretário de Segurança Pública do Rio, o coronel Nilton Cerqueira, andou defendendo a extinção da Polícia Civil, tão empapada de corrupção estaria.
Também na Colômbia, a corrupção policial é um fenômeno disseminado. Não obstante, suas forças de segurança conseguiram prender seis dos sete chefes do cartel de Cali, uma das mais poderosas e sofisticadas organizações criminosas.
É verdade que houve colaboração da CIA e da DEA, as agências norte-americanas de informações e de combate às drogas, respectivamente.
Mas, como disse à Folha o embaixador norte-americano em Bogotá, Myles Frechette, ``se a polícia e o Exército não têm a vontade de prender, não prendem", com ou sem informações da CIA e da DEA.
O que aconteceu na Colômbia? Primeiro, um processo de depuração na polícia. O general Rosso José Serrano, comandante da Polícia Nacional, conta que decidiu trabalhar com as pessoas em quem confiava, driblando ``investigações intermináveis, que prescreviam com o tempo", para afastar suspeitos.
Depois, a criação de um grupo de inteligência, que foi coletando informações tão valiosas que os ``capos" de Cali acabaram presos sem que houvesse troca de tiros. No Brasil usa-se mais a força do que a inteligência.
Houve também oferecimento de recompensas a quem desse informações. Ao ser preso, Gilberto Rodríguez Orejuela, um dos chefões, admitiu: ``Por dinheiro qualquer um vira a casaca".
A partir do fim do mês a polícia se volta para Bogotá, uma das cidades mais inseguras do mundo. Começa espalhando 32 câmeras de TV (que futuramente serão 60) para esquadrinhar as áreas mais quentes. Uma central computadorizada monitorará as imagens e também a localização dos carros-patrulha.
Por tudo isso, não custa chamar o general Serrano para uma troca de idéias.

Texto Anterior: Livre para não fumar
Próximo Texto: E o Banespa?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.