São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
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E o Banespa?

VALDO CRUZ

BRASÍLIA - O senador baiano Antônio Carlos Magalhães tentou, de todas as formas, evitar a intervenção no Banco Econômico. Deveria dar-se por satisfeito com a solução final. A recomendação técnica era pela liquidação do banco.
ACM, adepto do liberalismo, defende privilégios para um banco privado de sua terra. Queria que o Banco Central continuasse socorrendo o Econômico. Seu objetivo final: manter abertas as portas da instituição aos clientes/eleitores da Bahia.
Mas a situação do banco ficou insustentável na semana passada. Na sexta-feira fechou o dia com um buraco de R$ 3 bilhões em suas contas. Se continuasse funcionando, o BC teria que cobrir esse e outros rombos.
E quem iria pagar a conta é o contribuinte, incluindo os baianos. O BC teria que emitir moeda ou pedir ajuda ao Tesouro Nacional para honrar os compromissos do Econômico, duas medidas inflacionárias.
Gustavo Loyola, presidente do BC, tinha um receio ainda maior. Tivesse cedido às pressões e apenas assumido o controle do banco, mantendo-o aberto, o Econômico poderia virar o Sulbrasileiro de hoje.
O rombo do banco continuaria crescendo, o governo federal teria de enterrar cada vez mais dinheiro na instituição e ela acabaria se transformando em outro banco estatal.
Foi o que aconteceu com o Sulbrasileiro, um banco privado na época. Diante de pressões dos políticos do Sul, o então presidente José Sarney assumiu o controle do banco. Ele acabou virando o Meridional, que hoje o governo federal tenta privatizar.
Loyola sabe que o ex-governador baiano não vai economizar munição nessa guerra. Mas acredita estar preparado. Ele conta com um aliado importante: o presidente Fernando Henrique Cardoso, que agiu com firmeza no episódio.
Agora, o que se espera de FHC é a mesma firmeza na hora de decidir o futuro de bancos estaduais como o Banespa. Não ficará nada bem se o presidente ceder às pressões do tucano Mario Covas e desistir da privatização do banco paulista.
Aí, sim, FHC não estará usando de sua autoridade para impedir um crime contra a economia. Não só a da Bahia, mas a de todo o Brasil.

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