São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995 |
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Empresários pagam para remover favela
CLAUDIO AUGUSTO
A Berrini é uma das avenidas comerciais mais valorizadas de São Paulo. Seus prédios -a maioria deles projetada pelo arquiteto Carlos Bratke- são uma referência na cidade em função do arrojo do design e da tecnologia incorporada aos escritórios. A remoção dos moradores foi decidida em função das obras de canalização do córrego Água Espraiada e da construção de uma avenida semi-expressa que cortará a área ocupada pela favela. O secretário municipal da Habitação, Lair Krahenbuhl, disse que a remoção da favela da Berrini seria feita de qualquer maneira para que a conclusão da obra da avenida, iniciada em 93. ``Aceitamos a colaboração dos empresários e estamos economizando o dinheiro público", disse. Os empresários, que esperam a valorização de seus imóveis com a remoção da favela, já firmaram acordo com a prefeitura para comprar um terreno de 41 mil m2 no Jardim Educandário (zona oeste), um bairro ao lado da rodovia Raposo Tavares, que liga São Paulo ao oeste do Estado. A área será doada à prefeitura. Parte dos favelados será removida para esse terreno, avaliado em R$ 2 milhões. Os empresários devem gastar mais R$ 6 milhões para construir os 950 apartamentos. Outros moradores estão recebendo da prefeitura pouco mais de R$ 1.000 para comprar um barraco em outro ponto da cidade. A vereadora Aldaíza Sposati (PT) criticou a decisão da prefeitura. Ela disse que os favelados que estão recebendo ajuda para comprar outro barraco não terão o seu problema resolvido em definitivo. ``O governo está apenas transferindo o problema. Em vez de um barraco aqui, as pessoas terão um barraco acolá", afirmou. Ela disse ainda que o correto seria a prefeitura construir os apartamentos para os favelados no próprio terreno da Berrini, que eles ocupam hoje. ``Não é esse o princípio do Projeto Cingapura?" Projeto Cingapura prevê a construção de prédios em áreas públicas ocupadas por favelas. A idéia é melhorar as condições de vida da população sem transferi-las para bairros distantes. Segundo a prefeitura, os moradores que forem para o Jardim Educandário vão pagar pelos imóveis e obter a propriedade dos apartamentos. O dinheiro arrecadada vai para o Cingapura. Texto Anterior: Erundina fez tentativa igual Próximo Texto: Todas as manicures têm a mesma amiga Índice |
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