São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Falta R$ 1,3 bi para pagar cliente

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central ainda não sabe como vai juntar o dinheiro necessário para permitir que os clientes dos bancos sob intervenção retirem até R$ 20 mil de contas correntes, poupanças e CDBs. A estimativa é a de que o BC vai precisar de R$ 1,3 bilhão, além dos R$ 800 milhões que já tem.
Há obstáculos políticos para a constituição desse fundo. O BC pretende vender ativos do Econômico (rede de agências, ações de empresas petroquímicas) para juntar o dinheiro. Mas isso supõe o fechamento do banco.
Assim, BC e a Febraban (Federação Brasileira de bancos) tomaram apenas a decisão política de criar o seguro-depósito. A operação continua em discussão.
Há dois problemas. O primeiro refere-se à constituição de um sistema de seguro que funcionaria daqui para a frente. O segundo é a formação de um fundo de emergência para pagar os clientes dos bancos hoje sob intervenção, Econômico, Mercantil de Pernambuco e Comercial de São Paulo.
No primeiro caso, trata-se de um sistema de seguro tradicional. Os bancos privados pagarão uma contribuição (um prêmio) mensal.
Ainda não se decidiu como será essa contribuição dos bancos. Pode ser, por exemplo, uma porcentagem dos depósitos à vista ou do patrimônio. Os bancos de varejo, com muitos depósitos, querem pagar sobre o patrimônio.
Já os bancos de negócios, de poucas agências e poucos clientes, querem o contrário. Deve sair uma combinação dessas fórmulas.
A formação do fundo para o caso imediato do Econômico e dos outros dois bancos menores é mais complicada. Esse fundo já tem R$ 790 milhões, oriundos do Recheque (formado com multas sobre cheques sem fundo) e do FGDLI (Fundo de Garantia de Depósitos e Letras Imobiliárias).
Os R$ 790 milhões dão para pagar aos clientes dos bancos sob intervenção R$ 5 mil por conta corrente e outro tanto por poupança.
Foi decidido, por BC e Febraban, que esse limite será ampliado para R$ 20 mil. E que também poderão sacar, até R$ 20 mil, os clientes que tiverem aplicado em Certificado de Depósito Bancário (CDB) um depósito a prazo.
É para essa ampliação que o BC vai precisar de mais R$ 1,3 bilhão.
Outra idéia é o BC emitir um título novo, que seria vendido aos bancos. Com o dinheiro arrecadado, o BC pagaria os saques até R$ 20 mil. E aqui aparece o maior problema político.
Esse título teria prazo de um ano, ao fim do qual o BC precisaria ter dinheiro para resgatá-lo. E para não gastar mais dinheiro público, o BC considera o mais certo levantar recursos com a venda de ativos do próprio Econômico.

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