São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Paulistas apertam o cerco pelo Banespa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), e a bancada parlamentar do seu Estado intensificaram ontem as pressões para encerrar a intervenção federal no Banespa e evitar a privatização do banco estadual paulista.
Um grupo de nove parlamentares paulistas esteve com o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, para manifestar o apoio da bancada à proposta do governo estadual. Na semana passada, a bancada baiana havia ido ao Planalto para pressionar pela estatização do Econômico -o que não ocorreu.
Hoje será a vez de Covas reunir-se com Loyola, que deverá insistir na hipótese de privatizar o Banespa.
``Foi um ato político", resumiu o senador Pedro Piva (PSDB), após a audiência no BC. Tanto os parlamentares como Covas sabem que Loyola, assim como o resto da equipe econômica, não abre mão de privatizar o banco paulista.
A pressão tem outro destinatário: o presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem caberá a opção de atender ou aos economistas de seu governo ou aos 70 deputados e três senadores do Estado mais poderoso do país.
A proposta de Covas é a seguinte: o Estado pagaria com imóveis o déficit patrimonial -a diferença entre os passivos e os ativos- do Banespa, estimado entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões.
O restante do rombo do Banespa -R$ 8 bilhões dos R$ 13 bilhões que o Estado deve ao banco- seria financiado ou pelo governo federal ou por investidores internacionais com aval da União.
Isto garantido, o BC encerraria o regime de administração temporária no Banespa e o banco voltaria ao controle do Estado. O banco está sob intervenção do Banco Central desde 30 de dezembro passado, assim como seu similar carioca, o Banerj.
Segundo a Folha apurou, o BC poderá aceitar quase toda a proposta de Covas -menos a última parte.
Esta posição foi sinalizada ontem pelo presidente do BC, Gustavo Loyola, em entrevista coletiva. "O pagamento de parte da dívida pode abrir caminho para que o BC não seja o único condutor de um processo de privatização (do Banespa)".
Mas há mais divergências: o governo não deverá concordar em financiar o restante da dívida paulista junto ao Banespa, porque ficaria politicamente obrigado a conceder o mesmo tratamento aos demais Estados e seus bancos.
"Este é realmente um problema", reconheceu Piva ontem. Além do Banespa e Banerj, há outros três bancos estaduais sob administração do BC: Produban (AL), Bemat (MT) e Beron (RO).
Loyola negou ontem ter dito que considera a intervenção no Banespa ``um erro", como foi dito pelo líder do PSDB na Câmara, José Aníbal, um dos parlamentares paulistas presentes à reunião de ontem.
``Foi o Raet (Regime de Administração Especial Temporária) que permitiu que conhecêssemos a real situação financeira do Banespa", disse.

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