São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Econômico publicou balanço errado

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Econômico suprimiu trechos de seu balanço ao publicá-lo em jornais de São Paulo e isso tornou praticamente ininteligíveis as contas da instituição.
O balanço completo do Econômico foi publicado na edição do dia 12 de agosto no ``Diário Oficial" da Bahia -um dia depois da intervenção do Banco Central.
É comum os bancos escolherem apenas trechos do balanço completo para publicação em outros jornais que não o ``Diário Oficial". Mas o Econômico suprimiu trechos importantes.
A principal consequência foi tornar incompreensível parte do parecer da Ernst & Young, auditoria independente contratada para analisar o balanço.
A Ernst & Young fez o seu parecer em tópicos, sempre citando o balanço completo do Econômico. Como a versão publicada em São Paulo suprime trechos e renumera outros, fica sem sentido o texto da auditoria independente.
Por exemplo, a Ernst & Young cita as notas explicativas 3b e 4 do balanço para dizer que o Econômico considera pelo valor de face títulos que tem das dívidas externa e agrária brasileiras.
O item 3b do balanço original é o 2b da versão resumida do balanço. Já a nota explicativa 4 sumiu do balanço paulista do Econômico.
A nota explicativa número 4 é uma das mais constrangedoras para o Econômico. É ali que o banco lista os títulos em carteira -aquilo que o banco espera receber em dinheiro no futuro.
Entre esses títulos, o Econômico tem R$ 351 milhões de papéis da dívida externa brasileira. Lista esses documentos pelo valor de face. Só que eles valem muito menos no mercado -no caso, apenas entre 40% e 80% do valor.
Seria mais correto o Econômico ter expresso o valor de mercado do papéis da dívida. O argumento do banco é que não pretendia vender os papéis, e sim esperar para receber do governo brasileiro.
A Ernst & Young não retornou três ligações da Folha e ex-diretores do banco não comentar o caso.

SBC Warburg
Uma eventual venda do Banco Econômico só vai ser concretizada depois que o banco inglês SBC Warburg terminar uma avaliação dos bens da instituição baiana, iniciada antes da intervenção e mantida pelo BC.

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