São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Procurador quer evitar queima de arquivo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador federal dos Direitos do Cidadão, Álvaro Ribeiro Costa, está investigando a ameaça do general Luciano Phaelante Casales, comandante militar do Planalto, de queimar os arquivos sobre a guerrilha do Araguaia (TO), ocorrida na década de 70.
Casales é o responsável pelos documentos do extinto Dops (Departamento da Ordem Política e Social) de Goiás.
Embora pertençam ao patrimônio de Goiás, os documentos foram entregues à 3ª Brigada de Infantaria Motorizada de Goiás em 1982, quando o PMDB venceu a eleição para o governo do Estado. Desde então, o Exército tem-se recusado a devolver o arquivo, que contém dados sobre a guerrilha.
A informação sobre a destruição dos arquivos foi dada pelo próprio general Luciano Casales ao jornal ``O Popular", de Goiânia, no último domingo. Anteontem, o CMP (Comando Militar do Planalto) confirmou a informação.
O procurador está estudando a possibilidade de entrar com ação cautelar na Justiça para impedir a queima dos arquivos. Costa disse ontem que a destruição de documentos públicos é crime previsto pelo Código Penal.
O presidente do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ernando Uchôa Lima, ficou surpreso com a iniciativa esboçada pelo general Casales. ``Não se pode querer apagar a história. Isso é crime", afirmou.
O general se mostrou disposto a destruir os documentos depois que o grupo Tortura Nunca Mais de Goiás solicitou ao Comando da 3ª Brigada de Infantaria Motorizada uma autorização para pesquisar os arquivos.
``Podemos negociar a devolução dos documentos à Secretaria de Segurança de Goiás. O que não vou fazer é permitir que se divulgue o seu conteúdo. Não vou cometer um crime militar", afirmou Casales anteontem.

Texto Anterior: Pefelista quer partido unido contra Motta
Próximo Texto: Projeto pode beneficiar militares
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.