São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Erro resultou em confronto

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA

O conflito de Corumbiara poderia ter sido evitado. Uma sucessão de erros e omissões dos envolvidos acabou provocando a tragédia.
A invasão da fazenda foi liderada por um grupo de dissidentes do (MST) Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.
Os principais líderes da invasão rejeitavam a avaliação de que a fazenda é produtiva.
A CPT (Comissão Pastoral da Terra) e o MST avaliavam o contrário e ficaram à margem.
Consumada a invasão, a CPT e o MST deixaram sem assistência os 700 sem-terra que acompanharam os três dissidentes. O apoio só ocorreu após o conflito.
Colaborando para aumentar a tensão, fazendeiros vizinhos à fazenda Santa Elina organizaram milícias particulares para patrulhar áreas próximas.
O governo de Rondônia, a Assembléia Legislativa e o Incra começaram a tentar uma solução negociada.
Comissão formada por representantes das instituições tentou estabelecer negociações políticas após a liminar de reintegração de posse, determinada pelo juiz substituto de Colorado do Oeste, Roberto Gil de Oliveira, no dia 18 de julho, que previa o risco de confronto.
A comissão não se preocupou com uma alternativa jurídica.
Diante de um segundo mandado de reintegração de posse, o juiz Glodner Luiz Paoletto, titular, optou pelo despejo imediato.
O governador Valdir Raupp (PMDB) ficou alheio às negociações. Limitou-se a delegar poderes ao então comandante-geral da PM em Rondônia, Wellington Silva.
Sua tática foi uma das responsáveis pela tragédia. Iniciou às 4h uma ``operação inquietação", que pretendia intimidar os sem-terra com fogos de artifício e bombas de efeito moral.
Resultado: ao iniciar o despejo, dois policiais foram mortos.
Parte dos nove sem-terra foi morta à medida que os homens se rendiam ou já estavam imobilizados.

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