São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Violência gera interdição de estádio e congestiona a tabela do Brasileiro

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O estádio do Canindé (zona norte paulistana) foi interditado ontem, horas antes do jogo Portuguesa x Santos, marcado para as 20h30, pelo Grupo B do Campeonato Brasileiro.
A decisão foi tomada três dias após a batalha entre as torcidas de Palmeiras e São Paulo, no estádio do Pacaembu, após a decisão da Supercopa SP de Juniores.
A pancadaria deixou 102 feridos -22 PMs e 80 torcedores, um dos quais estava até ontem à noite em estado de coma profundo.
Sem estádio, Portuguesa e Santos decidiram suspender o jogo. No final da tarde, a CBF transferiu a partida para 4 de outubro.
A interdição do Canindé e do Pacaembu, fechado há três dias, ameaça causar novos adiamentos e provocar um congestionamento na tabela do Brasileiro.
O São Paulo, por exemplo, em razão de compromissos internacionais, não tem mais datas vagas na tabela. Não pode ter seus jogos transferidos, portanto.
O Pacaembu passa por nova vistoria hoje às 12h30.
O Contru, Departamento de Controle do Uso de Imóveis, exigiu a remoção do entulho usado na briga e a reconstrução do alambrado destruído pelos torcedores.
A briga levou a Secretaria Municipal de Esportes a anunciar duas decisões.
Luís Alfonso de Andrade, o ``Luisão", foi exonerado do cargo de administrador do Pacaembu. Segundo a PM, ele fora avisado a retirar o entulho, mas não o fez.
Além disso, a secretaria não vai mais organizar a Supercopa SP de Juniores e a Copa São Paulo de Juniores -as mais tradicionais competições de atletas até 20 anos do país, realizada desde 1969.
A interdição do Canindé foi decidida porque o Contru, o comando do 2º Batalhão de Choque da PM e o presidente interino da FPF, Rubens Aprobatto, que participaram da vistoria, concluíram que existe no estádio material que pode ser usado em brigas.
O diretor do Contru, Carlos Alberto Venturelli, disse que no estádio existem blocos de concreto soltos e outros se desprendendo. Chegou a dar um chute num muro para comprovar sua acusação.
O presidente da Portuguesa, Manoel Gonçalves Pacheco, qualificou a interdição de ``palhaçada". Ele atacou o fato de a vistoria ter sido feita no dia do jogo.
Venturelli disse que, a partir de agora, haverá vistoria antes de todos os jogos com previsão de público de pelo menos 70% da capacidade dos estádios.
Ontem, o São Paulo teve negado o pedido de liberação de 5.000 lugares no anel intermediário do Morumbi. A área está interditada pelo Contru desde janeiro em virtude de problemas estruturais.

LEIA MAIS
sobre violência na pág. 3 e sobre o Campeonato Brasileiro na págs. 3, 4 e 6

Texto Anterior: Fluminense em crise enfrenta o Bahia
Próximo Texto: Polícia bane faixas e bandeiras das torcidas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.