São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Polícia para quem precisa de polícia!

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, estavam faltando estádios em São Paulo. Agora está também faltando futebol.
Era só o que faltava.

O calendário já era apertadíssimo. Os 24 times do Campeonato Brasileiro disputam um torneio em quatro meses, que, em qualquer lugar sério, seria disputado em uma temporada de oito meses.

Com os adiamentos sucessivos de jogos -ontem, foi a vez de se postergar o jogo entre Santos e Portuguesa, marcado para o Canindé-, fica mais espremido ainda o tempo para se cumprir a tabela.

Você, leitor, já está de saco cheio dessa história: violência dentro e fora do campo, falta de segurança nos estádios, excesso de jogos. Até quando, no futebol, Deus aguentará ser brasileiro?

Quem entrou em campo para dar e levar porrada não é inocente. Não é vítima. É também agressor. É também cúmplice.
Não há joio nem trigo: é tudo farinha do mesmo saco. Saco de pancadaria.

O noticiário está todo concentrado nas torcidas organizadas. OK, elas merecem.
Mas, no dia do Pacaembu em chamas, os promotores da guerra têm grande responsabilidade. Foram eles que botaram lenha na fogueira do circo.

Como é que fica, sr. Paulo Salim Maluf, o sr. que é louco por um concreto (literalmente) armado? A responsabilidade pelo torneio é da prefeitura, como bem lembrou Alberto Helena Jr.

Fica difícil cobrar civilidade dos governados, quando os governantes são coniventes com a violência.

As torcidas organizadas são grupos de violência sistemática. São os serial killers do futebol. Esta coluna tem criticado severamente os prejuízos que elas têm causado ao planeta futebol.
A polícia, agora, faz um verdadeiro carnaval, invade as sedes, proíbe suas camisas etc. Mas pergunto: onde estava o policiamento naquela sangrenta manhã?

Polícia para quem precisa de polícia.

Perguntinha indiscreta: onde serão realizados os jogos do Corinthians, programados para a capital?

No sábado, a Milena Ceribelli, no ``Globo Esporte", usou o apelido ``fut" para o futebol. Uau! Uau! Uau! Esta coluna ainda chega lá, magnética!

O futebol na cidade está de luto. Mas a música não. Anda dando goleada por aí.
Pelo que vi, o show de Caetano Veloso que estréia hoje será um dos espetáculos do ano. Pra cima com a viga, magnética!

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