São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Tudo em Ribas

CARLOS SARLI

A perna francesa. Ah, a perna francesa. É a mais longa e a mais forte do Circuito Mundial de Surfe, embora nenhum francês figure no ranking do WCT e nem mesmo do WQS.
Ao menos entre os 100 primeiros colocados.
São três campeonatos que distribuem preciosos 3.000 pontos e US$ 315 mil.
Os brasileiros costumam se dar bem por lá. Em 91, Fabinho Gouveia venceu seu primeiro campeonato fora do Brasil válido pelo WCT. Foi lá também que, no ano passado, Teco Padaratz detonou o atual campeão mundial e Ricardo Tatuí, correndo como convidado da ASP, venceu no pomposo cenário de Biarritz.
A primeira etapa francesa deste ano, na semana passada, em Lacanau, começou conturbada, devido aos testes nucleares que o país vem fazendo no Pacífico Sul.
Os surfistas preferiram os protestos ao boicote.
O tipo de onda em fundo de areia favorece os brasileiros. Mas, dois oito que participaram do Gotcha Lacanau Pro -Renan Rocha, machucado, não competiu-, apenas Victor Ribas, 23, conseguiu ir além das oitavas-de-final.
No quarto round, Vitinho escovou o australiano Barton Lynch, que, inconformado, fez gestos obscenos para os juízes e acabou multado.
Em seguida, foi a vez de o australiano radicado na França Gary Elkerton reclamar com os juízes pela vitória do brasileiro.
Na semifinal, Vitinho enfrentou o havaiano Sunny Garcia, um dos favoritos ao título deste ano. Não deu mole e abriu seis pontos. Foi a vez de o havaiano perder o controle. Atirou um pão, que mais parecia uma pedra, na área dos juízes e, além da multa de U$ 500, pode pegar uma punição ainda maior.
Na final, Vitinho teve a oportunidade de vingar a palhaçada que o norte-americano Todd Holland fez no ano passado, em uma etapa do WQS em Maresias, SP, quando cometeu inúmeras interferências no brasileiro para facilitar a vitória de seus colegas.
Foi uma vitória emocionante. As ondas da série entravam com quatro pés e o cabofriense mostrou muita calma e intimidade. A cinco minutos do final, virou a bateria para faturar seu primeiro título no WCT.
Com a vitória, Vitinho, em seu segundo ano no Tour, subiu para sexto no ranking e, definitivamente, está entre os melhores do mundo. Na sua frente, estão cinco entre os seis primeiros de 94.

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