São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Legião brasileira parte para missão de paz em Angola

FHC chama soldados de 'mensageiros da fraternidade'

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Três navios da Marinha deixaram ontem a baía de Guanabara levando os primeiros 240 homens do contingente brasileiro da força de paz das Nações Unidas em Angola.
O primeiro escalão inclui o pessoal de uma companhia de engenharia, composta por 160 soldados do Exército e 40 fuzileiros navais, e de dois postos de saúde avançados com 20 homens cada, sendo um da Marinha e outro do Exército. Devem chegar a Luanda (capital de Angola) no dia 5 de setembro.
``Cada um de vocês, como indivíduo, será representante de todos os brasileiros", disse o presidente Fernando Henrique Cardoso em mensagem aos membros da força de paz. ``Partam como mensageiros da fraternidade e voltem como heróis da paz", afirmou o presidente, em mensagem lida pelo ministro-chefe do Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas), general Benedito Leonel.
Os engenheiros de combate vão reparar a estrada de Luanda até Uige, no noroeste do país. Um dos principais problemas -que incluem até a construção de uma ponte- será a retirada de minas das estradas.
A guerra civil em Angola começou em 1975, logo após a independência de Portugal. O governo foi tomado pelo MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola), de inspiração marxista, e a principal oposição foi feita pela guerrilha rival, a Unita (União Total Pela Libertação de Angola), que teve apoio da África do Sul e EUA.
Retirar minas deve ser a tarefa mais arriscada que os brasileiros enfrentarão. Calcula-se que a guerra civil em Angola semeou algo estimado entre 12 milhões a 20 milhões desses explosivos.
Os militares brasileiros receberam adestramento para lidar com a profusão de minas existentes em Angola. São modelos antitanques (que explodem com o peso de um veículo) e antipessoais (que explodem com o peso de uma pessoa).
Por que um fuzileiro é voluntário para esse tipo de tarefa? ``Paixão", respondeu o cabo Alexandre Nunes. ``E adrenalina", completou.

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