São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Voto eletrônico

De todas as reformas aventadas pelo governo e pelos parlamentares, as que se revelaram mais frustrantes por enquanto foram aquelas do âmbito político. Falou-se muito em medidas bastante salutares tendentes a diminuir o cipoal de siglas sem nenhuma significação ideológica que abunda no Congresso Nacional, em reforçar a tão necessária fidelidade partidária e mesmo na adoção do voto distrital misto e no fim do voto obrigatório.
Ao que tudo indica, porém, nada disso deverá sair das mentes dos idealizadores dessas teses. Há até algumas propostas que, se aprovadas, tendem a piorar ainda mais o já tíbio sistema de representação política brasileiro.
Em meio a tantas frustrações nesse campo, emerge uma única e isolada boa notícia. Já nas próximas eleições para prefeitos e vereadores, em 1996, os 53 municípios com mais de 200 mil eleitores do país deverão dispor de cabines eletrônicas de votação. A medida deve beneficiar 30 milhões de cidadãos, cujo veredicto nas urnas não será modificado mediante fraude, fenômeno que, infelizmente, ainda é muito corriqueiro no país.
Para os que imaginam que ele está restrito aos grotões do coronelismo, basta lembrar que as eleições proporcionais no Rio de Janeiro no ano passado foram anuladas pela Justiça Eleitoral, tão evidentes eram os indícios de que fraudes maciças estavam ocorrendo.
O governo imagina gastar R$ 78 milhões para adquirir as cabines por meio de concorrência internacional, o que dá um pouco mais de R$ 2,00 por eleitor beneficiado. É claro que esse custo aumentará à medida em que as cabines eletrônicas forem estendidas a municípios menores, mas a democracia é por demais valiosa e a sua única garantia é a prevalência inequívoca da manifestação da vontade popular.

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