São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Luto social

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O adjetivo canhestro, até disforme, neo-social, fez o dia de sorrisos e análises dos telejornais, ontem.
Enquanto o presidente reagia ainda outra vez à pecha de neoliberal, era lançada uma segunda campanha de pressão, aí sim, social.
Em vez de ``Brasil, cai na real", a campanha que surgiu no Rio, organizada pelos líderes dos comerciantes, vai ter como slogan:
- Luto contra os juros, a recessão e o desemprego.
Segundo os empresários ouvidos, a campanha vem do Rio, mas é nacional. Na quarta-feira que vem, prevê que o comércio, que as lojas de todo o país vão pendurar um estandarte negro na porta e que os funcionários vão parar.
Outra vez, empresários com trabalhadores.
A campanha dos comerciantes, conhecida via TVE do Rio, surgiu em função de duas estatísticas:
- Setecentos mil comerciários já foram demitidos em 95, em todo o país.
- As promoções no comércio do Rio ficaram maiores, os prazos de pagamento aumentaram, mas as lojas estão vazias, e os vendedores, ociosos. O varejo já se prepara para uma redução de até 30% nas vendas do segundo semestre.
É para ver que não é só o ABC, ou o Bom Retiro, em São Paulo.

Mercado
- O sistema bancário foi afetado, sim, como um todo, desde a intervenção no Econômico. A intervenção gerou um medo bastante grande entre os depositantes, que, não é mais possível esconder este fato, fugiram para os grandes bancos privados ou estatais. Essa fuga hoje está praticamente estancada, pelas informações do mercado financeiro.
``Praticamente." Até que ontem mesmo, segundo a Rede Brasil:
- A liquidação do banco Irmãos Guimarães agitou o mercado, e durante todo o dia circularam boatos de que outros bancos pequenos estão na mira do Banco Central.
Ou não. Mais tarde:
- A direção do Banco Central negou que estejam para sair intervenções ou liquidações no sistema financeiro.
Viva-se com o barulho.

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