São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995 |
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Oficial da PM é morto com um tiro no Rio
CLÁUDIA MATTOS; FERNANDA DA ESCÓSSIA; SERGIO TORRES
Há um suspeito: um PM reformado que estava no bar, onde Pinto jantava com os tenentes-coronéis Luiz Sérgio de Castro e Arapuã Ferreira de Lima, comandante e ex-sub-comandante do 18º Batalhão da PM, respectivamente. Pinto era lotado na DGP (Diretoria Geral de Pessoal) e tinha ficha limpa na corporação. Era casado e tinha dois filhos. Segundo informações da polícia, o tenente-coronel estava trabalhando no levantamento de uma lista dos "marajás" da PM. O comandante da PM, coronel Dorasil Corval, descartou qualquer ligação entre a morte de Pinto e a investigação sobre os altos salários. ``Isso é especulação." Corval disse que o tenente-coronel deve ter sido morto ao reagir a assaltantes ou devido a alguma ``desavença local". Segundo ele, Pinto estava na DGP à espera de remanejamento para outra função. O governador Marcello Alencar (PSDB) disse que também considera ``uma mera especulação" relacionar a morte de Pinto com as informações de que ele investigava os altos salários na PM. Testemunhas informaram que, no bar, Pinto teria feito uma brincadeira com o PM reformado suspeito do crime, que estava em outra mesa. Pinto teria afirmado que ele era ``um bola murcha" -alguém sem poder ou sem coragem. Ninguém ouviu o tiro que matou o tenente-coronel, morto dentro de seu Gol, no estacionamento do bar. Segundo testemunhas, não houve discussões no local. Pinto havia deixado o estabelecimento acompanhado de um amigo civil, que se juntara à mesa dos oficiais pouco antes. Luiz Horácio Rodrigues, frentista de um posto anexo ao bar, disse à polícia que viu quando Pinto entrou no carro e um homem -segundo ele, baixo e de camisa azul- ficou do lado de fora. Pouco depois, Rodrigues reparou num outro cliente que saía do bar. Segundo o frentista, este homem, alto e com telefone celular na mão, foi até o carro de Pinto, olhou para dentro e se afastou. Rodrigues disse ter perguntado se ocorrera algum problema e ouviu como resposta um áspero ``fica na tua". O homem entrou num Fiat Tipo cinza e foi embora. Modelo Ontem, em solenidade de premiação de PMs, o secretário da Segurança Pública do Rio, Nilton Cerqueira, afirmou que a polícia do Rio se prepara para servir de modelo para outros países. Há cerca de um mês, ele havia admitido a hipótese de extinguir a Polícia Civil. O governador Alencar o repreendeu publicamente. Desde então, Cerqueira tem procurado agradar os policiais. * Colaborou SERGIO TORRES, da Sucursal do Rio. Texto Anterior: Governo pode perder com Paes Próximo Texto: PF investiga acusados de facilitar fuga Índice |
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