São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Aeronáutica apóia projeto para pagar indenizações

PAULO SILVA PINTO; RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

RUI NOGUEIRA
Coordenador de Produção da Sucursal de Brasília
O ministro da Aeronáutica, Mauro Gandra, rebateu ontem as declarações do comandante militar do Nordeste, general José Carlos Leite Filho, que defendeu igualdade de tratamento nas indenizações entre os familiares dos desaparecidos e os dos militares mortos no período da luta armada (67-74).
"O conceito usado (no projeto) é o conceito de pessoas que estavam sob a guarda do Estado", disse Gandra ao final das comemorações do Dia do Soldado. Ele estava acompanhado do ministro do Exército, Zenildo de Lucena.
O ministro da Aeronáutica ressaltou que as famílias dos militares mortos já recebem pensão das Forças Armadas. Na sua opinião, o projeto ``deve ser usado para terminar o caso (dos desaparecidos). E é uma boa oportunidade de se virar uma página da história do Brasil", disse.
A investigação das mortes dos desaparecidos políticos não vai acontecer, segundo Gandra, porque é vetada pela Lei da Anistia aprovada em 1979.
O projeto do ministro Nelson Jobim (Justiça), que será entregue ao presidente Fernando Henrique na segunda-feira, prevê a indenização para as famílias de 136 desaparecidos e a entrega de atestados de óbito. "O projeto é perfeito", disse Gandra.
Antes das críticas do general Leite Filho, o comandante da 7ª Região Militar, com sede em Recife, general Murillo Neves Tavares da Silva, havia pedido transferência para a reserva por discordar da proposta do governo.
Ontem, o ministro do Exército, Zenildo de Lucena, não quis comentar as declarações de Leite Filho. Ele e Gandra formam a dupla que dá apoio total ao projeto de Jobim e controla nos bastidores reações contrárias dos militares.
Na quarta-feira da semana retrasada, o próprio ministro da Marinha, Mauro César Pereira, criticou a proposta. "Atestado de óbito, tudo bem. Indenizações, talvez". No dia seguinte, voltou à carga: ``Há muito desaparecido que está muito bem vivo por aí".
Irritado com as declarações do seu colega da Marinha, Zenildo localizou Jobim no Uruguai e acertou com ele que o Ministério do Exército soltaria uma nota com a posição oficial da sua pasta.
A nota deixava claro que o Exército não se opõe à indenização porque o assunto é "exclusivo" do presidente da República.

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